Enquanto Dan-el Padilla Peralta alternava com fluidez entre mundos durante a maior parte de sua vida —antigo e moderno, pobre e privilegiado, dominicano e americano—, houve momentos em que ele conseguiu esquecer que era um menino sem país.
Ele encontrava refúgio nas bibliotecas, onde os textos gregos e latinos lhe falavam antes mesmo que ele soubesse falar essas línguas. Ele copiava orações inteiras, decorando-as para se inspirar.
Mas o medo sempre voltava: ele podia ser deportado. Sua mãe o havia levado de Santo Domingo, capital da República Dominicana, para os EUA quando ele tinha quatro anos, e os dois permaneceram após o prazo de seus vistos de turismo. Ele lutou com as consequências desde então.
“O rumor dos papeles foi a música de fundo da minha vida”, disse, usando o termo em espanhol para documentos legais. “Vivi com a expectativa de que alguma coisa ruim pudesse acontecer”
Agora ele espera que, contando a história de sua vida, consiga ampliar a discussão sobre a política migratória dos EUA, que se tornou um tema polêmico na campanha presidencial americana.
O rumor dos papeles foi a música de fundo da minha vida
Em “Undocumented: A Dominican Boy’s Odyssey From a Homeless Shelter to the Ivy League” [Sem documentos: a odisseia de um menino dominicano de um abrigo para sem-tetos à Ivy League], ele narra seu extraordinário percurso até à elite acadêmica dos Estados Unidos. Padilla só se “assumiu” como imigrante ilegal para seus colegas em seu último ano como estudante na Universidade Princeton.
Aos 30 anos, Padilla está na Universidade Columbia como bolsista de pós-doutorado. No próximo ano, ele trabalhará em Princeton como professor-assisente de cultura clássica. Ele tem um visto de trabalho, mas ainda não é cidadão, situação que espera que mude em breve, já que em março se casou com uma americana com quem namorou por seis anos.
Sua mãe, Maria Elena Peralta, foi para Nova York no final de sua gravidez de alto risco do irmão de Padilla, Yando. Maria aceitou o risco de permanecer ilegalmente nos EUA quando viu que seu filho mais velho ia muito bem na escola.
A família tinha pouco para comer e viveu em abrigos de sem-tetos e moradias subsidiadas. Ainda assim, Padilla ficava feliz quando lia livros resgatados do lixo.
Então, um professor voluntário de um abrigo, Jeff Cowen, viu o jovem Dan-el lendo um livro sobre Napoleão. Os dois fizeram amizade, e Cowen encaminhou Padilla para o Collegiate School em Manhattan, onde havia estudado.
Quando Dan-el começou a estudar latim, na oitava série no Collegiate, sua professora, Stephanie Russell, ficou surpresa ao ver que ele não apenas tinha lido Platão, como também o havia absorvido plenamente. “Foram seus dons intelectuais que chamaram minha atenção”, disse Russell.
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