O “Super Mario 3D World” oferece uma “princesa super-heroína” entre os personagens escolhidos| Foto:

Os homens por trás de alguns dos jogos de videogame mais populares e celebrados do setor admitem que não passaram muito tempo pensando a respeito da forma como as mulheres são retratadas em suas obras.

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Ao ser questionado a respeito de uma crítica feita em um vídeo no YouTube sobre o fato de criar jogos nos quais heróis do sexo masculino resgatam donzelas em perigo, Shigeru Miyamoto, da Nintendo, afirmou com a ajuda de um intérprete: "Eu não acredito que os jogos de videogame sejam o único gênero que mostra as coisas dessa maneira". Miyamoto, criador de Mario, Zelda e Donkey Kong, acrescentou: "Talvez isso se deva ao simples fato de eu ser homem, e eu não passei muito tempo pensando a esse respeito ao longo dos anos."

Porém, as pessoas que escrevem sobre jogos de videogame começaram a dar bastante atenção ao tema em 2013. O principal fio condutor dos diálogos críticos a respeito dos videogames foram as mulheres: sua presença ou ausência nos jogos.

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O ano começou com o retorno de Lara Croft, provavelmente a protagonista feminina mais famosa de todos os jogos, em um novo Tomb Raider, e terminou com a Princesa Peach, a donzela mais famosa do universo dos videogames, que se tornou pela primeira vez em 25 anos uma heroína que pode ser escolhida, embora de forma opcional, em um título da série Super Mario.

Enquanto isso, o jogo independente Gone Home é estrelado por uma jovem universitária e a história se baseia em um caso de amor entre duas garotas do ensino médio. Novas personagens femininas também estão sendo criadas em jogos de grande orçamento, em especial Elizabeth, em "BioShock Infinite", e Ellie, em "The Last of Us", duas garotas cujas histórias são centrais para ambos os jogos.

Elizabeth e Ellie não podem (com uma exceção importante) ser escolhidas para o jogo, e ficam relegadas a um papel coadjuvante no enredo; já as ações interativas são protagonizadas pelos mesmos homens violentos e rudes de sempre. Ainda assim, em um meio que frequentemente só se preocupa com duas coisas – ser "cruel e viril", nas palavras do designer norueguês Ragnar Torquist – Elizabeth e Ellie tornaram os jogos menos cruéis e menos viris que o resto.

Ainda assim, Elizabeth foi banida do desenho da capa de "BioShock Infinite", uma decisão que, segundo Ken Levine, principal autor e diretor criativo do jogo, foi tomada por razões de marketing. Neil Druckmann, diretor criativo de "The Last of Us", afirmou que teve que ignorar pedidos para retirar Ellie do plano de fundo da capa do jogo.

Druckmann afirmou que ele e a equipe precisaram insistir para que os grupos de discissão de "The Last of Us" incluíssem mulheres.

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Em um ambiente comercial como esse, alguns jogadores resolveram agir por conta própria. Em março, um post no Reddit a respeito de um pai que modificou o jogo Donkey Kong para que sua filha pudesse jogar como Pauline para resgatar o Mario, ao invés do contrário, foi divulgado na internet. O pai, Mike Mika, se explicou mais tarde em um artigo publicado pela revista Wired. O vídeo no YouTube que mostra a modificação já foi acessado mais de 2,5 milhões de vezes.

Algumas pessoas argumentam que os jogos estão deixando de lado o potencial de transportar os jogadores a vidas de pessoas que são muito diferentes deles próprios.

"Isso significa convencer homens (sim, especialmente homens) do valor de jogar com personagens que não reflitam exclusivamente seus valores", afirmou Tevis Thompson, no blog Grantland. "A maioria dos homens não vê problemas em jogar com um personagem assassino e psicopata. Mas jogar com uma mulher?"