Grandes editoras e empresas de comunicação da Alemanha, da França e de outros países se reuniram recentemente com autoridades europeias para debater propostas de regulamentação da economia digital na Europa. Em quase todas as discussões, surgiu a reivindicação de limitar o alcance de uma única empresa americana, o Google.
Os europeus assumiram a liderança mundial na questão da regulamentação da internet e da contenção das empresas americanas de tecnologia. A velha mídia do continente —editoras influentes de jornais e revistas— tornou-se um dos adversários mais persistentes do Google.
O Google atrai receitas publicitárias que antigamente iam para as editoras, então o objetivo é encontrar formas de ganhar mais dinheiro fortalecendo regras de direitos autorais e limitando o poder do Google como plataforma publicitária.
As editoras, incluindo a alemã Axel Springer e a francesa Lagardère, sem dúvida têm muito a perder com o domínio do Google e de outras empresas americanas de tecnologia, já que elas procuram na internet uma forma de substituir os prejuízos dos seus veículos impressos.
As editoras inicialmente concentraram-se na investigação ora em curso na Europa a respeito do possível favorecimento do Google aos seus próprios serviços, em detrimento dos rivais. Agora, elas buscam outras maneiras de limitar ainda mais o alcance do Google, segundo executivos e lobistas do setor.
Essa iniciativa, por sua vez, acionou a poderosa máquina de lobby do Google, desencadeando um confronto em Bruxelas e em outras capitais, num momento em que a empresa tenta cooptar seus adversários da mídia tradicional e tirar impulso de concorrentes.
O Google e algumas outras empresas americanas de tecnologia já enfrentam uma forte resistência regulatória na Europa.
Apple, Amazon e Facebook enfrentam investigações tributárias, antitruste e sobre políticas de privacidade nos 28 países da União Europeia. Se ficar provado que o Google violou regras, a empresa poderá ser multada em bilhões de dólares.
Em resposta, o Google disse que seus produtos de busca não prejudicam a concorrência on-line.
Várias entidades setoriais se reuniram com Friedrich Wenzel Bulst, principal autoridade antitruste da UE, e com outros reguladores para pressionar por limites mais rigorosos no âmbito europeu à forma como o Google e outros podem usar o conteúdo on-line das editoras.
Muitas delas querem que essas regras sejam incluídas numa futura revisão geral das políticas de direitos autorais a ser promovida até o final do ano por Günther Oettinger, comissário (ministro) europeu de Economia e Sociedade Digitais, muito ligado ao setor editorial alemão.
Se as regras forem aprovadas, o Google poderá futuramente ser obrigado a pagar às empresas jornalísticas sempre que seus conteúdos forem mostrados nos sites agregadores do Google para a Europa. Regras semelhantes para a proteção dos direitos autorais já foram aprovadas em vários países europeus, mas até agora tiveram efeitos negativos para as editoras. Na Alemanha, o Google removeu muitos veículos de comunicação locais do seu serviço de notícias, o que levou a uma drástica queda no tráfego on-line para os sites de alguns dos jornais. As editoras afinal concordaram em renunciar a qualquer possível cobrança.
“O argumento é bastante simples: as editoras querem o dinheiro do Google”, disse o advogado alemão Till Kreutzer, que se opõe às novas propostas de direitos autorais.
Christoph Keese, vice-presidente executivo da Axel Springer, disse que o esforço das editoras não se destina simplesmente a proteger o “status quo”. “Trata-se de garantir condições equitativas de competição e de assegurar que as companhias internacionais respeitem as leis europeias.”
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