Jonathan Rodriguez recusou US$ 98 mil (R$ 217 mil) por um par de tênis desenhados e assinados por Kanye West; "Sei que eu poderia comprar uma casa com esse dinheiro"
Com os tênis pendurados em torno dos ombros e os bolsos cheios de dinheiro, os meninos se amontoam em saguões de hotéis e salas de ginástica de colégios, gritando e barganhando como se estivessem num pregão.
"Quanto querem por estes?", perguntava John Leonardo em evento em Nova York. "Qual é sua oferta?", berrou alguém do fundo.
Em rápidas transações, John, 13, comprou, vendeu ou trocou 20 pares de tênis de basquete, todos de marcas conhecidas, e foi embora com sete, quatro a mais do que seu lote inicial. O valor de varejo da sua coleção saltou de US$ 340 (R$ 755) para US$ 1.155 (R$ 2.564).
Ele e milhares de adolescentes "loucos por tênis" formaram uma vibrante subcultura usando o Instagram, o Facebook e convenções de fim de semana para identificar, vender e trocar pares cobiçados de tênis de basquete, às vezes de edições limitadas.
Jake Branco, 14, tem 81 pares em sua coleção, ajudada em grande parte por doações dos seus pais.
Ele estima que já tenha gasto US$ 11 mil (R$ 24,4 mil) em calçados, e provavelmente poderia ganhar US$ 20 mil (R$ 44,4 mil) se vendesse todos eles. "Eu só os uso no verão, porque não quero desvalorizá-los", disse ele.
Embora o varejo de tênis já exista de forma lucrativa há décadas, esse mercado cheio de adolescentes se espalhou nos últimos anos.
É a mais recente fase da febre dos calçados esportivos que começou há 30 anos, quando a NBA proibiu Michael Jordan, então estreante, de usar seu Nike Air Jordan 1 em quadra.
Nenhuma linha assinada por um atleta chega perto dos Nike com o nome de Jordan, que representaram US$ 2,5 bilhões (R$ 5,55 bilhões) do faturamento da empresa em 2013.
Ao todo, as vendas de tênis de basquete representam US$ 4,5 bilhões (R$ 10 bilhões) dos US$ 21 bilhões (R$ 46,6 bilhões) do mercado de calçados esportivos, segundo a consultoria Princeton Retail Analysis.
E esses adolescentes conhecem o mercado, recitando valores de revenda, o burburinho de um negócio quente e as datas de lançamento de novos modelos com a mesma facilidade com que disparam estatísticas esportivas.
Joseph Diorio, 34, proprietário de SoleXChange, promove e apresenta eventos de trocas em cidades como Nova York e Miami. "Acho que o hábito de colecionar tênis viverá para sempre, porque há história por trás de cada par".
Para conseguir espaço de exposição, os participantes pagam US$ 125 por uma mesa. Nesse caso, faturam em média de US$ 2.000 (R$ 4.440) a US$ 4.000 (R$ 8.880) por dia, podendo chegar a picos de US$ 20 mil (R$ 44,4 mil).
Os adolescentes sabem o que atrai um preço maior e têm o cuidado de andar feito patos para não arranharem seus sapatos. Nesses eventos, especialistas verificam solas, linguetas e outras marcas para autentificar os pares.
Outros se recusam a vender, apesar de propostas tentadoras. Em março, Jonathan Rodriguez, 18, se recusou a vender seu Nike Air Yeezy 2 "Red October", desenhado por Kanye West e autografado pelo artista durante um show, em fevereiro.
Um comprador ofereceu US$ 98 mil (R$ 215 mil) pelo calçado. "Poderia comprar uma casa com esse dinheiro, mas sou um grande fã de Kanye West. Posso trabalhar para arrumar o dinheiro."
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas