Jovens tartarugas marinhas sempre se aventuraram pela costa leste dos EUA, deixando mares quentes para se alimentar de caranguejos e outras presas. Algumas delas passam tempo demais nas águas do norte e acabam ficando atordoadas quando chega a estação fria.
Nesta época do ano, voluntários regularmente patrulham as praias da Baía de Cape Cod para salvar tartarugas que encalham na maré alta seis das sete espécies de tartarugas marinhas estão ameaçadas para que possam ser reabilitadas e realocadas.
Mas este ano, a quantidade usual das tartarugas encontradas se transformou em uma imensidão, e ninguém sabe por quê. Desde meados de novembro, voluntários da patrulha da tartaruga encontraram aproximadamente 1.200 delas, quase todas jovens tartarugas-de-kemp, a espécies mais ameaçadas. É quase três vezes mais do que o recorde do ano anterior e inúmeras vezes maior que a média anual. A maioria delas sobrevive, mas centenas morrem.
As tartarugas perdidas, normalmente com dois ou três anos de idade e do tamanho de um prato raso, chegaram em número muito maior que a capacidade de trabalho de veterinários, voluntários e aquários do país. Bob Prescott, diretor do Santuário da Vida Selvagem Mass Audubon, em Wellfleet Bay, que começou a cuidar das tartarugas há 32 anos, disse que quando começou a caminhar pelas praias costumava encontrar uma ou duas tartarugas por ano. Então, ele as aquecia e as levava de carro até o aeroporto de Boston. Um piloto transportava a tartaruga na cabine e a entregava a um especialista em tartarugas na Flórida. Não este ano. "Um dia, 157 apareceram", ele disse.
Cerca de 150 voluntários trabalhavam para levar as tartarugas para o hospital do New England Aquarium em Quincy. Até meados de dezembro, disse Prescott, a temperatura da água tinha caído ainda mais e apenas uma ou duas tartarugas por dia foram encontradas. A maioria estava morta.
A guarda costeira levou 193 tartarugas de avião para Florida em novembro. Aviões particulares levaram mais outras.
O número de tartarugas que chega às praias da Baía de Cape Cod vem aumentando há décadas, talvez porque os esforços de conservação sejam bem sucedidos, ou talvez porque o oceano se aqueceu. É tentador especular que um oceano aquecido pode ter algo a ver com a mudança, Prescott disse, mas não há nenhuma prova disso.
"Esse frio atordoante é algo realmente difícil de explicar. Eles são causados por condições locais, tais como mudanças bruscas de temperatura, mas o papel das correntes, o comportamento da tartaruga e as condições anteriores não são bem compreendidos", disse Selina Heppell, bióloga da Universidade Estadual do Oregon que estuda tartarugas-de-kemp há 20 anos.
O número de ninhos atingiu uma baixa de 702 em 1985, número que era de 40 mil ou mais na década de 40, mas, segundo Heppell, vinha aumentando há anos por causa de esforços para conservar áreas de nidificação no México e no Texas. O número de ninhos diminuiu em 2010, após o vazamento de petróleo da Deepwater Horizon no Golfo do México. Ele se recuperou e, em seguida, caiu novamente em 2013 e 2014. Cerca de 11.500 ninhos foram contabilizados este ano, em comparação com 20 mil em 2011.
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