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Crônicas dos EUA

Emissora retorna com história para contar

Modelo de estúdio de rádio onde Elvis e Johnny Cash se apresentavam | Lance Murphey para The New York Times
Modelo de estúdio de rádio onde Elvis e Johnny Cash se apresentavam (Foto: Lance Murphey para The New York Times)

Larry Manuel se lembra de quando Johnny Cash e Elvis Presley eram apenas dois músicos tentando vencer ao longo do Rio Mississippi. Agora, aos 75 anos, Larry não é historiador, mas de fato frequentou a mesma estação de rádio onde Presley e Cash tocaram antes de fazerem sucesso.

Quando a sua história de 13 anos se encerrou em 1960, a estação KWEM recebeu o crédito de ter ajudado as carreiras de alguns dos sucessos musicais da região, inclusive a de B. B. King, Howlin’ Wolf, Jerry Lee Lewis e Elmore James. No final do mês passado, a estação em grande parte esquecida voltou a transmitir como parte de uma campanha de restauração feita pela faculdade da comunidade local.

Para pessoas como Larry, que tocava acordeão enquanto seu pai apresentava o programa "Reunião de Sábado à Noite" da estação, o seu retorno é uma oportunidade para a história musical da região se tornar mais completa após anos de West Memphis ser ofuscada por sua vizinha mais proeminente ao leste.

"Há décadas, vejo pessoas voando até Memphis, trazendo suas equipes de gravação, irem para o Sun Studios e produzirem cerca de quatro horas de filmagem e conversarem com as pessoas de lá, pegarem o avião e voltarem para Nova York e contarem aos seus chefes, ‘Tenho a história musical de Memphis’ ", Larry disse. "E o que eles têm é apenas a cobertura do bolo. O que isso significa aqui é que existe uma história tão profunda: o bolo em si. As pessoas, em geral, não conhecem essa história, mas estão prestes a conhecê-la".

A música há muito é o grande capital de Memphis, lar de Graceland e Beale Street, e onde até o logotipo do aeroporto evoca a herança musical da cidade. Mas agora West Memphis e sua Faculdade da Comunidade do Meio-Sul estão apostando que a KWEM irá ajudar a atrair turistas pela Ponte Hernando de Soto para um lugar que até alguns de seus apoiadores descrevem como pouco mais que um ponto de parada de caminhões.

"A KWEM tem sido um segredo", disse Henry Nelson, que cresceu aqui e posteriormente foi uma personalidade do rádio em Memphis. "Ela certamente muda o meu pensamento sobre nossa cultura e herança musical".

A rádio foi um lugar onde os músicos podiam tocar para ganhar alguns minutos da programação, que poderiam ajudá-los a conseguir shows em barzinhos. Por 15 ou 20 dólares, os músicos destinados à grandeza ou ao anonimato podiam entrar no ar.

"A KWEM desempenhou um papel real na época em que o rádio oferecia não somente entretenimento, mas o ímpeto na direção da revolução musical", declarou Peter Guralnick, o autor da biografia de Elvis Presley.

Mas alguns antigos ouvintes da KWEM prontamente confessam que quando os sons do blues, country e rock ‘n’ roll ecoavam por todo o Condado de Crittenden mais de meio século atrás, eles não reconheciam o que estavam ouvindo e tampouco por que isso algum dia teria importância.

"Simplesmente achávamos normal", contou Charlene Cottrell, de 65 anos. "Era parte de nossa vida, e para nós, não era nada demais".

A estação, que tocou "That’s All Right" de Presley quando retornou, por enquanto funciona online e estará disponível na faixa de FM.

A KWEM revitalizada funcionará 24 horas; durante o seu auge inicial, a estação transmitia apenas durante o dia.

A estação oferece uma mistura de artistas de blues, rock e country que apareceram na KWEM e aqueles que foram influenciados pelos músicos originais. Para pessoas como Nelson, a estação pode ser uma forma de sua cidade natal conquistar um respeito reforçado.

"Nunca houve muitas coisas boas saindo de West Memphis", ele disse. "Mas isso é uma delas".

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