Por anos, ele viveu em uma propriedade de 32 mil m2 em Bedford, Nova York, administrada por um mordomo a quem ele pagava US$ 50 mil por ano.
Sem família ou patrão a quem dar explicações, ele podia esquiar em Utah à vontade e trabalhar quando quisesse. Passeava em seu carro esportivo McLaren de US$ 300 mil. Nos fins de semana, podia ficar em um apartamento alugado por US$ 13 mil mensais em Manhattan.
No entanto, ao se aproximar dos 40 anos, o empresário de tecnologia francês Fabrice Grinda, cuja fortuna é estimada em US$ 100 milhões, não conseguia deixar de pensar que havia algo errado. De algum modo, os símbolos de seu sucesso o deprimiam.
Ele estava tendo uma crise de meia idade —só que ao contrário.
“Geralmente, quando as pessoas fazem 40 anos, elas compram um carro esportivo”, disse Grinda. “Elas não dizem: ‘Vou simplificar minha vida e abandonar todas as minhas posses para me concentrar nas experiências e na amizade’.”
Foi exatamente o que ele fez. Mudou-se da casa em dezembro de 2012, deixou o apartamento e vendeu o carro. Arrumou uma mala com 50 itens.
Chamou isso de “a grande simplificação”: viajaria pelo mundo e trabalharia enquanto se hospedasse com amigos e parentes.
“Quando eu pensava nas coisas mais importantes para mim”, disse ele, “eram experiências, amizades e parentes —e eu não tinha investido muito nisso, em parte porque era ocupado demais e em parte porque me sentia preso por minhas posses.”
Sua primeira escala foi Miami. Grinda ficou com um amigo de infância, Olivier Brion, sua mulher e o bebê deles. A visita durou uma semana inteira. “Foi um desastre”, disse Grinda. “Às 22h, eles estavam exaustos e iam dormir. Eu estava só começando.”
A história empresarial de Grinda começou com uma empresa de leilões on-line na França, que ele vendeu em 2000. Então, Grinda mudou-se para os Estados Unidos e ajudou a fundar a Zingy, fabricante de toques de telefone e jogos, que foi vendida por US$ 80 milhões em 2004. Depois, ele cofundou a OLX, que se tornou um dos maiores sites globais de anúncios classificados.
Hoje Grinda é empreendedor e investidor-anjo.
Depois de Miami, Grinda experimentou a sorte em Paris, hospedando-se no apartamento de um primo, Cyril Lejeune. A visita durou três dias.
“Ele pensa que tem capacidade para ser um errante”, disse Niroshana Anandasabapathy, um dos velhos amigos de Grinda. “Ele se orgulha de conseguir viver só com uma mala.”
Grinda disse que, ao todo, se hospedou com cerca de 15 amigos e parentes nos primeiros meses de 2013. “Todo mundo dizia: ‘Que ótima ideia! Venha!’”, contou Grinda. “O problema é que a ideia de ‘Ótimo, venha’ e eu estar lá 24 horas por dia, sete dias por semana, é muito diferente.”
Ele bolou um novo plano.
“Em vez de eu os procurar e perturbar sua rotina”, disse ele, “fazia mais sentido reunir todo mundo em um local de férias.” Cerca de 50 pessoas viajaram para passar duas semanas em Anguilla, ilha a leste de Porto Rico. Grinda calculou os custos em US$ 400 mil. “Foi um absurdo.”
Por fim, ele se decidiu pelo meio termo. Hoje ele realiza duas festas —no Natal e durante o verão— em Cabarete, na República Dominicana. O preço: cerca de US$ 25 mil por festa, disse.
Segundo Grinda, ele aprendeu muito com sua grande simplificação. Ele se reconectou com velhos amigos e com sua família.
“Meu lar é onde estou”, disse Grinda. “Não importa que seja a casa de um amigo, um sofá, o meio da selva ou um quarto de hotel em Nova York. No entanto, eu percebo que a maior parte da humanidade, especialmente as mulheres, não pensam assim.”