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Empresas tentam convencer motorista a largar o volante

Audi RS 7 e o sistema computadorizado que o guia; sem motorista, carro chega a velocidades altas com segurança e precisão | Jim Wilson/The New York Times
Audi RS 7 e o sistema computadorizado que o guia; sem motorista, carro chega a velocidades altas com segurança e precisão (Foto: Jim Wilson/The New York Times)

Markus Hoffmann, engenheiro da Audi, preparava-se para uma volta na pista do Autódromo de Sonoma.

No entanto, em vez de segurar o volante, ele tinha nas mãos um botão que deveria soltar só se alguma coisa desse errado. O carro, a quem chamava de Robby, ia enfrentar a pista de 4.000 metros de Nascar sozinho –a 190 km/hora.

“Se alguma coisa der errado, eu assumo”, explicou.

Com isso, e um computador no porta-malas para alinhar o volante na posição certa, Robby partiu. “Não estou fazendo nada, só segurando o botão que para o motor”, explicou Hoffmann ao passageiro.

Mesmo nos momentos mais tensos, quando o Audi RS 7 fazia curvas fechadas na pista e chegava a tirar finas de poucos centímetros dos muros, algo ficou bem claro: o carro sabia o que estava fazendo.

Engenheiros de montadoras tradicionais (como a Audi, que faz parte da marca Volkswagen) e de empresas como Google e Tesla estão engajados em uma verdadeira corrida para construir carros autônomos. A tecnologia, segundo eles, pode tornar a direção mais segura e liberar os motoristas de horas de tédio atrás do volante.

Para isso, porém, é preciso fazer o público ter confiança a ponto de largar a direção.

A Audi pretende inspirar essa mudança usando imagens de aviões comerciais, nos quais as pessoas já confiam mesmo quando sabem que é o piloto automático que as guia pelo ar.

Um Audi A8, ainda inédito, terá equipamentos duplos: dois sistemas de frenagem e dois volantes. No caso da falha de um deles, os computadores possam usar o outro para continuar guiando o veículo.

Os engenheiros da Audi admitem que seus carros estão longe de ser completamente autônomos: eles são “pilotados” pelo motorista, linguagem emprestada da aviação para dizer que a pessoa sentada no banco do motorista é quem tem, nas últimas consequências, o controle.

O A8 vai poder se autoguiar somente em velocidades baixas, no engarrafamento. Quando o motorista tem que assumir o comando de novo, as luzes vermelhas piscam, um tipo de alarme soa nos alto-falantes e o volante salta para frente. No entanto, e se o condutor estiver lendo ou cochilando? Nesse caso, a Audi tem um despertador embutido.

O Google, ao contrário, empenha-se em desenvolver um automóvel completamente autônomo. Em junho, a empresa divulgou o número de acidentes em que seus carros se envolveram: em seis anos de teste, foram doze ocorrências, nenhuma delas causada pelos modelos autônomos.

“Se houver um desastre, vai marcar todo o segmento”, afirma Ewald Goessmann, diretor-executivo do Laboratório de Pesquisas Eletrônicas da Volkswagen, no Vale do Silício.

De volta ao Autódromo de Sonoma, Goessmann e outros funcionários da Volkswagen levaram um grupo de legisladores e executivos de tecnologia do Vale do Silício para dar uma volta na pista no RS 7.

Rodney Ellis, senador pelo Estado do Texas, ficou impressionado. “Muito mais tranquilo do que se eu estivesse dirigindo”, admitiu.

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