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Um robô “soft” chamado Bob’em Pop’em no laboratório de pesquisas Otherlab. “A natureza, ou o mundo real, tem molejo”, diz Saul Griffin, do Otherlab | Nicholas Antonio de Lucci /The New York Times
Um robô “soft” chamado Bob’em Pop’em no laboratório de pesquisas Otherlab. “A natureza, ou o mundo real, tem molejo”, diz Saul Griffin, do Otherlab| Foto: Nicholas Antonio de Lucci /The New York Times

Em uma antiga fábrica de tubos, Saul Griffith trabalha em produtos mais inteligentes, mais acessíveis e, acima de tudo, mais flexíveis.

Em sua empresa, o laboratório de pesquisa Otherlab, pequenos grupos se reúnem ao redor de cortadores a laser e equipamentos mecânicos. Alguns se dedicam a painéis solares, guiados pelo que pareciam ser garrafas de refrigerante estriadas, alimentadas por pressão pneumática; outros mexem com um exoesqueleto inflável cujo objetivo é ajudar os soldados a ir mais longe com fardos pesados ou os paraplégicos a andar.

Esses são produtos futuristas que agora ganham forma nas mãos de uma porção de inventores com um orçamento pequeno e visão única: substituir o metal e a força física tradicional para criarem máquinas mais eficazes, flexíveis e acessíveis.

“Todo problema de Engenharia Mecânica é solucionado com mais peso, mais força e mais dureza, mas a verdade é que a natureza, ou o mundo real, tem molejo”, diz Griffith, um dos fundadores e CEO do Otherlab.

Griffith está na vanguarda de um movimento conhecido como robótica “soft”, que quer revolucionar a maneira como pensamos em construir coisas. Pesquisadores da Universidade de Harvard lançaram um kit de ferramentas para fazer próteses de mãos apenas com materiais não rígidos – e o segmento já ganhou até a sua própria revista científica.

O trabalho contrasta com a robótica mais tradicional. As empilhadeiras do Amazon ou os robôs soldadores da Tesla são criados a partir dos fundamentos tradicionais da Engenharia Mecânica; muitos têm braços pesados e exigem que os objetos sempre sejam colocados na mesma posição para que possam se movimentar mais rápido no lugar correto.

Os exoesqueletos biônicos padrão propostos para o Exército e paraplégicos também são pesados – só que quanto mais pesado o equipamento, mais energia exige para se movimentar, o que se traduz em uma bateria de vida curta ou uma fonte externa de energia.

Uma vez que os objetos flexíveis têm movimentos menos precisos que os rígidos, precisam de muitos sensores e semicondutores para a correção dos movimentos. Essas peças, que já foram bem caras, se tornaram mais acessíveis graças à popularização dos celulares, que compartilham muitos dos componentes. Levantar coisas sem destruí-las, um verdadeiro problema para os robôs de metal, é muito mais fácil para a versão flexível e inteligente – que, com um volume de ar adequado, podem se tornar bem firmes.

“Há essa ideia que os objetos pneumáticos são caídos e lentos, mas, na verdade, a precisão vem com sensores modernos e controles”, explica Gill A. Pratt, da Agência de Projetos de Pesquisa Avançados para a Defesa, que investiu mais de US$3 milhões na Otherlab.

Para manter os preços baixos, Griffith tenta fazer tudo da maneira mais barata possível: o protótipo do manipulador de painéis solares, por exemplo, foi criado com uma garrafa de refrigerante e uma chapa quente em vez da máquina proposta de US$150 mil. Trabalho semelhante está sendo feito na iRobot, a mesma que produz o aspirador de pó Roomba e robôs militares convencionais. “A primeira área de melhoria do desenvolvimento serão os braços e as mãos. As estruturas infláveis podem ser bem resistentes, mas, se você diminui a pressão, se tornam bem maleáveis. A precisão é facilmente controlável”, diz Chris Jones da iRobot.

Para Griffith, suas ideias sobre a fusão de tecidos, plásticos e computadores para criar uma revolução mecânica eficaz são mais importantes que abrir novas empresas.

“Se quer fazer robôs como os que vemos nos filmes, é preciso mudar o estado de coisas atual. Estamos tentando adivinhar como será a manufatura daqui a 50 anos.”

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