Pesquisadores esperam que os dispositivos que registram as condições nas profundezas possam preencher as lacunas de seu conhecimento| Foto: Learnz

Recentemente, a 480 quilômetros da costa da Nova Zelândia, cientistas a bordo do navio de pesquisa Tangaroa gentilmente baixaram duas esferas cor laranja para dentro do mar. Logo, elas desapareceram, mergulhando por conta própria nas profundezas do Oceano Pacífico. Elas eram protótipos, robôs especializados projetados para registrar a temperatura e outras condições em todo o percurso até o fundo do mar, a mais de cinco quilômetros de profundidade. Em intervalos de alguns dias a partir dessa viagem em junho, elas vêm à superfície, transmitem os seus dados para um satélite, depois mergulham novamente.

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Com sorte, uma frota de centenas iguais a elas estará perambulando o oceano em alguns anos, e o grande véu da ignorância humana se levantará um pouco mais. Em 2014, sabemos mais sobre a superfície de marte do que sobre as profundezas do oceano – um obstáculo para os cientistas que tentam entender como a atividade humana está mudando o planeta. O aquecimento da superfície terrestre tem diminuído bruscamente nos últimos anos. Essa diminuição diverge das projeções computadorizadas do passado sobre o que o clima deveria fazer sob a influência dos gases causadores do efeito estufa, e os cientistas vêm lutando para explicar isso.

A variação natural do clima pode ter um papel importante. Outra possibilidade é que o rápido aumento da queima de carvão na China diminuiu temporariamente o aquecimento do planeta. O carvão libera gases do efeito estufa que causarão um de aquecimento em longo prazo, porém, ele também libera partículas no ar capazes de refletir a luz do sol de volta para o espaço a curto prazo.

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Alguns cientistas acham que o oceano profundo está tendo um papel importante, absorvendo o calor que do contrário se manifestaria na superfície. E a prova que temos indica que esse é o caso, mas as medições nas profundezas do oceano são escassas. É aí que entram os protótipos de robôs flutuadores, desenvolvidos pelo Instituto de Oceanografia Scripps na Califórnia. A ideia é complementar os robôs mais antigos que já estão perambulando o oceano. Esse sistema, conhecido como Argo, só atinge dois quilômetros de profundidade, assim, ele não cobre metade do fundo do oceano. Desenvolver robôs capazes de irem mais fundo tem sido um desafio técnico, mas os cientistas acham que eles estão prestes a resolver isso, o que permitirá medições da temperatura de praticamente todo o oceano – uma conquista para a ciência.

O aquecimento da superfície sempre aconteceu de forma intermitente, com a maior interrupção durando cerca de 30 anos, dos anos da década de 1940 até a década de 1970. Daniel P. Schrag, geoquímico e chefe do Centro do Ambiente da Harvard, disse que a incapacidade dos cientistas de explicar essas altas e baixas frisava um problema mais profundo.

Numa época de profundas mudanças no planeta, segundo ele, os governos não tinham investido o suficiente em sistemas de monitoramento como satélites, o que provocou grandes lacunas nas informações com as quais os cientistas têm de trabalhar.