Mariano Bilbao, metalúrgico aposentado, participou recentemente do 120° aniversário da primeira vez em que foi hasteada a bandeira basca, conhecida como Ikurriña. Com a vizinha Catalunha preparada para realizar um plebiscito e decidir se deseja se separar da Espanha, Bilbao espera que a Ikurriña termine um dia tremulando sobre uma nova nação basca. "A Catalunha abre novas possibilidades, e o sonho da independência está agora bastante vivo para nós". Analistas temem que a votação em 09 de novembro desencadeie uma espiral separatista que acabe por desmembrar a Espanha, além de ter um efeito dominó em outras regiões preocupadas com a independência nas 28 nações da União Europeia.
Uma reunião recente entre Artur Mas, líder do Parlamento regional catalão, e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, não conseguiu fazer nada para deter o estímulo pela independência.
Se a Catalunha escolher a independência, o País Basco e outras regiões vão querer realizar plebiscitos semelhantes, com o potencial de abrir caminho para a erradicação do Estado espanhol, disse Emilio Lamo de Espinosa, do Real Instituto Elcano, grupo de pesquisa com sede em Madri. Se a Espanha se fragmentar, isso "vai destruir do projeto da UE, que é baseado na união e não na divisão e na fragmentação".
Os catalães devem votar algumas semanas depois que os escoceses realizarem seu referendo a respeito da independência do Reino Unido em 18 de setembro; por aqui, o resultado da votação na Escócia é visto como uma espécie de barômetro. Os 7,5 milhões de habitantes da Catalunha representam 16 por cento da população espanhola e respondem por 19 por cento do produto interno bruto do país. A região basca, com 2,2 milhões de habitantes, é a mais rica em termos per capita da Espanha, somando seis por cento do PIB.
A Espanha perderia um quarto de sua economia se as secessões bascas e catalãs forem bem-sucedidas. "Os catalães agora estão abrindo caminho, mas ninguém deveria esquecer que historicamente foram os bascos que fizeram as exigências mais veementes por soberania", disse Jon Iñarritu, representante basco no Parlamento espanhol. O problema basco poderia ser ainda mais complicado para Rajoy do que a Catalunha, dada a história de separatismo violento do País Basco.
O ETA, grupo separatista basco, matou mais de 800 pessoas na Espanha durante uma campanha de atentados e assassinatos que durou quatro décadas. O ETA não mata em solo espanhol desde 2009, mantém um cessar-fogo desde 2011 e anunciou há pouco tempo que sua ala militar foi desativada. Os pedidos de independência da Catalunha e do País Basco se alimentam entre si. Em junho, perto de 150 mil pessoas formaram uma cadeia humana pela região basca para exigir a independência, reproduzindo uma demonstração maior levada a cabo em setembro do ano passado pelos catalães, que se deram as mãos na Catalunha. Pedro Ibarra, cientista politico basco, afirmou que a cadeia humana basca demonstrou como o referendo da Catalunha e o cessar-fogo do ETA "claramente deram outro formato ao debate nacionalista daqui em termos muito mais democráticos".