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Estudantes do Irã sofrem sanções nos EUA

Quando a principal universidade do Estado, a UMass, anunciou em fevereiro que pretendia proibir a participação de iranianos nos cursos de física, química, engenharia elétrica e informática, houve uma revolta na comunidade universitária.

“É simplesmente inacreditável”, disse Nariman Mostafavi, 29, estudante iraniano que faz graduação em tecnologia da construção na Universidade de Massachusetts em Amherst.

Ele comparou essa política, baseada em uma lei federal de 2012, a algo que ele quis evitar ao vir para os Estados Unidos: “Eu me sentia impedido de continuar minha educação no Irã”.

Um dispositivo de uma lei federal de 2012, que estabeleceu novas sanções contra o Irã por causa de seu suposto programa de armas nucleares, tornou os cidadãos iranianos inelegíveis para vistos para os EUA caso eles queiram estudar em uma universidade americana para carreiras nos setores de petróleo, gás natural ou energia nuclear no Irã.

A lei não pede explicitamente que as universidades efetuem um policiamento — isso cabe ao Departamento de Estado e ao Departamento de Segurança Interna.

Mas as autoridades universitárias da UMass sentiram que precisavam ter sua própria política para garantir que estavam cumprindo a lei e tomaram uma medida que chocou muitos como sendo discriminatória.

As autoridades da UMass desde então anunciaram que revisariam a política e que os iranianos não seriam totalmente barrados. “Após recebermos mais informações, nos convencemos de que poderíamos fazer algo um pouco menos restritivo e ainda realizar o que desejávamos”, disse Malone.

A política da universidade não apenas chocou os estudantes, como ganhou a atenção internacional e levou o Departamento de Estado a contatar representantes da UMass.

“A lei dos EUA não proíbe que iranianos qualificados venham ao país para estudar ciência e engenharia”, disse uma autoridade do Departamento de Estado. “Cada inscrição é revista caso a caso.”

Segundo o Instituto de Educação Internacional, em Nova York, 10.194 estudantes do Irã estavam em universidades americanas no ano escolar de 2013-14, número que mais que quadruplicou na última década. Quase 80% deles estudavam ciência, tecnologia, engenharia ou matemática.

Muitas universidades parecem deixar a aplicação das sanções para o processo de vistos e regras federais, em vez de adotarem suas próprias medidas.

“Não restringimos aulas a estudantes matriculados”, disse Kimberly Allen, porta-voz do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT na sigla em inglês), que tinha 46 alunos iranianos neste ano.

“Não acho que muitas universidades tenham se antecipado nessa questão e tentado implementar políticas como fez a UMass”, disse Erich Ferrari, o principal advogado da empresa de advocacia Ferrari & Associates, especializada em casos de sanções. Ele disse que as escolas devem se certificar de que não estão facilitando atividades além das autorizadas pelo visto do estudante.

Amherst, uma cidade universitária progressista no oeste do Estado de Massachusetts, parecia um lugar improvável para se discutir restrições a estudantes iranianos.

Emery Berger, professor de ciência da computação que é um veemente adversário dessa política, disse que não teria se surpreendido se ela tivesse sido proposta por uma universidade em um Estado profundamente republicano. “Para nós, que isso aconteça aqui aumenta ainda mais a revolta”, disse ele. Soroush Farzinmoghadam, um estudante iraniano de doutorado, disse que o episódio o fez sentir-se como um “cidadão de segunda classe”.

Farzinmoghadam, que estuda planejamento regional, disse: “Sinto, de certa forma, que o governo e o campus me tratam de modo diferente porque venho do Irã”.

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