Há uma década, o chef Rocco DiSpirito estava acima do peso e a ponto de desenvolver problemas de saúde — mas uma conversa com o médico o levou a uma dieta rigorosa e exercícios físicos, tudo registrado em seus livros de receitas, que acabaram virando sucesso de venda. Agora ele está de volta com “Cook Your Butt Off!”, que mostra como é possível reduzir as calorias em cada refeição e, de quebra, transformar a cozinha em academia.
P. Como foi que você começou a escrever livros de receitas saudáveis?
R. Há cerca de dez anos, meu médico disse para mim, meio brincando: “Pode começar a fazer seu testamento porque não estou gostando nada desses índices”. E me explicou que eu poderia tomar remédios para controlar os sintomas, mas quando me contou dos efeitos colaterais, quis saber quais seriam as outras opções.
P. E o que fez então?
R. Passei seis meses fingindo que tinha mudado a dieta e o estilo de vida, só que quando voltei lá, ele disse que a coisa estava ainda pior. Aí, sim, resolvi mudar. Em oito meses, deixei de ser um chef rechonchudo, sedentário e com a coluna torta para me inscrever no Ironman de St. Croix. Pensei: “Se eu consegui chegar até aqui, qualquer um consegue”.
P. Quais as mudanças que fez em sua dieta?
A. Eu era viciado em manteiga. Como chef, meu trabalho era fazer comida gostosa e eu passava o tempo tentando descobrir como acrescentar mais manteiga, foie gras e gordura de ganso nos pratos. Tive que fazer uma mudança drástica no que comia.
P. A sua experiência é algo comum aos chefs?
R. O estilo de vida dessa profissão não é lá muito saudável; você fica em pé o dia inteiro, coloca pressão o tempo todo na coluna, não se exercita para reforçar os músculos das costas ou do abdome, que ajudam a suportar essa demanda. Basicamente a gente come muito, bebe muito e grita muito.
P. Como mudou a dieta?
R. Nos pratos que adorava, substituí os ingredientes por outros, mais saudáveis — e percebi que, em muitos casos, a nova versão ficou bem mais gostosa que a original.
P. Por que escreveu “Cook Your Butt Off!”
R. Queria mostrar às pessoas que cozinhar é uma forma de exercício.
P. O que você recomenda que as pessoas façam na cozinha?
R. Um bom exemplo é bater as claras em neve. A primeira coisa que se faz é pegar a batedeira. Nesse livro, eu aconselho a pessoa a bater à mão. São dez, quinze minutos de movimento constante.
P. Dê um exemplo de receita em que você pode aplicar essa técnica.
R. Criei um arroz com couve-flor. Poderia ter usado o processador, mas ralar à mão queima calorias. São pequenas atitudes que refletem uma abordagem bem básica na cozinha.
P. Tem algum ingrediente que você aconselha o público a ter na despensa?
R. Dê uma olhada lá; se você vir muitos alimentos processados — arroz branco, farinha branca — substitua tudo pela versão integral. Tem também o tamari sem glúten, ervas frescas e lúcuma, um adoçante natural que também pouquíssimas calorias.