| Foto: Ahikam Seri for The New York Tim

Yehuda Etzion não se arrepende de ter ajudado a plantar bombas nos carros de prefeitos palestinos e conspirado para explodir o Domo da Rocha na década de 1980. No entanto, hoje ele repensa o papel da violência na busca de um reino messiânico em Israel, contemplando uma nova geração de radicais que, para ele, está aviltando a ideologia que eles compartilham.

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Como boa parte do mundo judaico, esse extremista de direita de 64 anos ficou indignado com o ataque incendiário lançado em julho contra o vilarejo de Duma, na Cisjordânia, que matou um menino de 18 meses e seu pai.

Etzion diz se sentir “parcialmente responsável” por não ter tentado se aproximar dos jovens fanáticos “para tentar corrigir o pensamento deles”, que descreveu como uma interpretação “superficial”, “infantil”, “distorcida” e até “vulgar” dos textos judaicos.

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Tendo passado as décadas desde que foi libertado da prisão, em 1989, escrevendo e editando livros, Etzion, figura de destaque da organização Jewish Underground, lançou uma declaração, deu uma entrevista a um jornal conservador e foi à televisão para condenar o ataque incendiário em Duma. Etzion disse que, se conhecesse os responsáveis pelo ataque, os entregaria à polícia.

“Não tenho palavras fortes o suficiente para expressar como me distancio deles e os rejeito”, disse Etzion, falando em sua casa em Ofra, o assentamento na Cisjordânia que ajudou a fundar há 40 anos. “A violência não tem mais papel a exercer hoje. Pelo contrário, o que é preciso é um pouco de calma, um ambiente próprio para deixar uma semente crescer. São necessárias condições, e a violência contradiz essas condições.”

Etzion sempre foi contra ataques aleatórios contra árabes. Ele enxergava os prefeitos palestinos como alvos legítimos, “as cabeças da serpente”. Por isso, criticou o ataque com armas e granadas lançado por seus companheiros em 1983 contra a faculdade islâmica de Hebron.

A violência não tem mais papel a exercer. Pelo contrário, agora é preciso calma

Visitar Etzion é notar as diferenças e as semelhanças entre os movimentos israelenses extremistas do passado e de hoje.

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Os extremistas dos anos 1980 eram veteranos do Exército com alto nível de instrução, pais de família na casa dos 30 anos que tinham muito a perder. As autoridades israelenses descrevem os de hoje como, em sua maioria, jovens que abandonaram a escola e se drogam, recrutados em alguns casos com apenas 13 anos.

Apesar disso, eles compartilham com seus predecessores a meta de substituir o Estado democrático por uma teocracia pós-sionista, além de algumas de suas táticas; o ataque a Duma e a mutilação de prefeitos árabes assinalaram o fim do período de 30 dias de luto por judeus mortos por palestinos.

Sefi Rachlevsky, colunista do jornal de esquerda “Haaretz”, disse que não acredita no “mea culpa” de Etzion. “Dizer que uma pessoa que ainda trabalha para criar confusões em torno do Monte do Templo mudou suas ideias é bobagem.”

Etzion descreveu como “covardes” os ataques lançados por jovens radicais de hoje contra igrejas, mesquitas e olivais palestinos em resposta a iniciativas do governo israelense para, por exemplo, demolir construções erguidas ilegalmente em assentamentos.

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Mesmo assim, ele considera que foi a desocupação ordenada por Israel dos assentamentos judaicos na faixa de Gaza, uma década atrás, que desencadeou a ira.

“Os jovens se perguntam: ‘Quem é o Estado?’ O Estado está a favor da casa que foi erguida na terra de Israel ou da escavadeira que veio destruí-la?”, perguntou.

“Quando mais os jovens decidem que o Estado é a escavadeira, mais eles dizem ‘sou contra’ e ‘estou disposto a jogar uma bomba incendiária na escavadeira’.”