Abraham Loeb estuda a natureza das primeiras estrelas| Foto: Jared Leeds

Abraham Loeb é conhecido entre astrofísicos por seus prolíficos e criativos esforços para entender o universo primordial.

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Conhecido como Avi, Loeb, 52 anos, é especializado no período de 400 mil anos a 1 bilhão de anos após o big bang. Presidente do departamento de astronomia da Universidade Harvard, ele já publicou mais de 400 artigos sobre a natureza dos planetas, buracos negros, estrelas e galáxias primordiais.

"Avi é hábil em escolher problemas para estudar que tenham resultados que possam ser testados", comentou Robert Wilson, que recebeu o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da radiação cósmica de fundo em micro-ondas.

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Segue uma versão editada da entrevista com Loeb.

Pergunta: Por que o sr. escolheu o universo primordial como sua área de estudo?

Resposta: Gosto de trabalhar onde não há uma multidão. Um dos grandes prazeres da astrofísica é tentar decifrar algo relativo ao universo que nunca foi captado por ninguém antes.

Ao longo dos anos, ajudei a desenvolver ferramentas para mapear e criar imagens do que aconteceu. Desenvolvi uma técnica de imageamento em três dimensões do universo, relacionada ao tempo em que as galáxias se formaram. Também desenvolvi um teste que, esperamos, vai nos permitir ver a expansão do universo em tempo real. Ele será carregado no Telescópio Espacial James Webb, previsto para ser lançado em 2018. Isso deve nos proporcionar novos insights. Assim, este campo de estudos, antes isolado, ficou lotado.

P. No ano passado o sr. publicou um artigo surpreendente sugerindo que algum tipo de vida pode ter sido possível no universo primordial, bilhões de anos antes de aparecer na Terra. De onde veio essa ideia?

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R. Na manhã do Dia de Ação de Graças eu tive um insight: que na época em que se formaram as primeiras estrelas e galáxias, a radiação cósmica de fundo em micro-ondas –a radiação remanescente do primeiro tempo—estava aproximadamente em temperatura ambiente. Então o universo, aproximadamente 15 milhões de anos após o big bang, estava a uma temperatura suficientemente amena para permitir o surgimento da química da vida. Essa ideia me veio à cabeça quando eu estava no chuveiro, como frequentemente é o caso. Íamos receber convidados à tarde. Então pedi à minha mulher que, em vez de ajudá-la a preparar a refeição, eu ficasse a cargo da louça depois do jantar. Isso me deu algumas horinhas livres para pensar melhor sobre a ideia.

Resumindo, a ideia era que, se houvesse planetas já naquela época, eles poderiam ter sido aquecidos pela radiação cósmica de fundo de micro-ondas. Não precisavam ser aquecidos por uma estrela. Portanto, a química da vida pode ter começado já naquele tempo.

P.  Certa vez o sr. publicou um artigo sugerindo que, se queremos seriamente procurar vida extraterrestre, deveríamos buscar os marcadores da industrialização, como a presença de smog (poluição do ar). Smog?

R. Sim, o smog pode funcionar como uma impressão digital de uma civilização industrial. Sempre se considerou que a maneira de detectar vida em outras partes do universo seria procurar sinais de oxigênio. Mas a vida inteligente pode produzir moléculas não naturais.

Se seu planeta for frio demais para permitir a vida, a vida inteligente pode procurar provocar aquecimento intencional. Moléculas não naturais podem até mostrar sinais de uma civilização que talvez não exista mais, porque as moléculas não naturais podem sobreviver muito tempo depois de uma civilização acabar.

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