Quando a comédia “Tangerine” estreou em janeiro, no Festival de Cinema Sundance, ela foi recebida calorosamente pela crítica.
Manohla Dargis escreveu no jornal “The New York Times” que o longa foi “lindamente dirigido”. Justin Chang, da “Variety”, elogiou o “visual abrangente em widescreen que assume um brilho quase radioativo”.
A surpresa é que o longa foi filmado só com iPhones.
Não é o primeiro longa metragem feito assim. O thriller de 2014 “And Uneasy Lies the Mind” reivindica esse título, segundo seu site na web. Ainda assim, “Tangerine”, mesmo antes de seu lançamento nos EUA, tornou-se o mais discutido filme de iPhone.
A história se desenrola em Hollywood na véspera de Natal, enquanto duas prostitutas transgênero (Mya Taylor e Kitana Kiki Rodriguez) procuram um namorado infiel. O visual do filme é colorido, saturado e ousado, captando a grandiosidade de Los Angeles ao mesmo tempo em que passa uma sensação de intimidade.
O diretor, Sean Baker, que escreveu o filme com Chris Bergoch, e cujos filmes independentes se concentram em protagonistas atípicos (como imigrantes de Gana ou estrelas pornô de Los Angeles), disse que a ideia de “Tangerine” veio da locação em Hollywood. “Foi a esquina de Santa Monica com Highland, que é um bairro de prostituição não oficial”, explicou.
A câmera sempre foi importante para Baker. Ele fez seu primeiro filme, “Four Letter Words” (2000), em 35 milímetros. A sequência, “Take Out”, feito com orçamento muito baixo, usou vídeo de definição padrão —o que não o agradou. Para seu filme de 2012 “Starlet”, que custou US$ 235 mil, Baker usou uma câmera digital Sony com lentes widescreen anamórficas, que criaram um visual banhado de sol no estilo dos anos 1970. O orçamento de “Tangerine” foi menos que a metade desse valor, por isso, o diretor teve de encontrar alternativas que envolvessem uma equipe menor.
Baker estudou o site de vídeos Vimeo e um canal dedicado a filmes curtos feitos com iPhone. “Fiquei tão impressionado com o que vi, que pensei: ‘Isso é suficiente.’”.
Por meio desse canal, Baker encontrou uma campanha no Kickstarter do Moondog Labs, empresa que faz um adaptador que se encaixa na lente do iPhone e ajuda os cineastas a conseguirem um clima mais cinematográfico.
Ele procurou a empresa para ver se poderia obter os adaptadores, que ainda estavam em fase de protótipo. A Moondog enviou três para Baker. Ele combinou os adaptadores com o Filmic Pro, um aplicativo de celular.
Os cineastas compraram três iPhones 5s para as filmagens, mas usaram apenas dois de cada vez, com Baker e seu codiretor, Radium Cheung, filmando de ângulos diferentes. Eles usaram um suporte manual Steadicam chamado Smoothee para estabilizar as cenas.
Para conseguir algumas cenas amplas que poderiam exigir um dolly se usassem uma câmera tradicional, Baker usou sua bicicleta, com uma das mãos no iPhone e outra no guidão. “Parecia literalmente que eu tinha 12 anos, filmando meus filmes em VHS em Nova Jersey”, disse ele.
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