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Filmes capricham em seleção de erros

Sofia Vergara e Reese Witherspoon em cena de “Belas e Perseguidas” | Sam Emerson/Warner Bros. Pictures and MGM
Sofia Vergara e Reese Witherspoon em cena de “Belas e Perseguidas” (Foto: Sam Emerson/Warner Bros. Pictures and MGM)

Quando os diretores começaram a acrescentar cenas com erros de filmagem junto aos créditos de suas obras, no final dos anos 1970 e início dos 80, não havia grande conteúdo. Os atores apenas esqueciam uma fala ou riam fora de hora.

Na comédia dramática “Muito Além do Jardim”, de 1979, um dos pioneiros dessa tradição, Peter Sellers luta durante três minutos para dizer três frases.

Na época, ver os atores errarem os diálogos era uma tal novidade que provocava risos fáceis da plateia.

Hoje, os trava-línguas cederam lugar às gafes físicas e tomadas alternativas —aqueles trechos excedentes de filmagem em que atores e diretores tentam improvisar sobre o script impresso.

Em “Belas e Perseguidas”, alguns dos trechos mais divertidos do “rolo de erros” são tomadas alternativas de Sofia Vergara fazendo piadas sobre o visual de sua coestrela Reese Witherspoon, assim como cenas de Vergara sofrendo um problema de guarda-roupa que mostra suas calcinhas ou sendo atingida no rosto por um chifre de veado.

Na comédia “The DUFF”, que se passa em um colégio, os poucos enganos verdadeiros do filme são misturados com selfies do elenco e cenas de Ken Jeong e Chris Wylde trocando insultos improvisados.

Por que um diretor escolheria terminar um filme com erros? Certamente ninguém percebe quando eles são omitidos, e os críticos atacam firmemente os que não têm graça.

Acrescentar gafes ao fim de “Belas e Perseguidas” não foi intencional, disse a diretora, Anne Fletcher. Inicialmente criado como uma atração da festa para o elenco e a equipe técnica no fim das filmagens, o trecho provocou tantas risadas que Fletcher pensou em experimentá-lo com um público selecionado.

Para ela, o rolo de erros era um motivo para dar ao público um último sabor da diversão. “É como dizer: ‘Veja, temos mais para você’”, explicou.

Os rolos de erros também são um lugar útil para todas as cenas alternativas que acabariam no lixo. Jeong “cantava improvisos na biblioteca, e foi hilariante —a equipe rachou de rir”, disse Ari Sandel, diretor de “The DUFF”. “Mas era Ken, e você sabia que era ele, não seu personagem, Mr. Arthur. Por isso, por mais engraçado que fosse, não pudemos usar.”

Hoje os atores costumam tomar medidas para se proteger dos piores erros.

“Para atores de nível médio, geralmente há uma cláusula contratual que diz que o artista tem o direito de pré-aprovar por escrito qualquer erro, gafe ou cenas extras em DVDs”, disse Richard Genow, advogado da área de entretenimento.

Ao longo dos anos, certos trechos de gafes elevaram o nível dessa arte.

Nas últimas quatro décadas, as versões de Jackie Chan —que incluíram cenas de ação erradas e ferimentos envolvendo carros, riquixás, hovercraft, máquinas de pinball e saltos de edifícios— trataram mais de polir sua lenda como astro de ação do que expor seus erros no set. E as gafes altamente buriladas, criadas para sucessos da Pixar como “Vida de Inseto” e “Toy Story 2”, não foram absolutamente erros, mas sua originalidade e humor elevaram o nível de conteúdo.

“Acho que o parâmetro para essas cenas é tão alto hoje quanto para o resto do filme”, disse Jonathan Glickman, presidente da divisão de filmes da MGM e produtor da trilogia “A Hora do Rush”, com Jackie Chan.

“Mas às vezes você vê rolos de erros em que colocam qualquer coisa, momentos que podem nem ser engraçados. São apenas fiascos.”

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