Alarmes soaram na plataforma de gás natural de Tamar, perto da costa de Israel.
A Marinha israelense havia detectado sinais de que um foguete poderia ter sido lançado da costa de Gaza pelo Hamas. Quando o alto-falante avisou que era necessário se proteger, a equipe desceu as escadas de metal para um pequeno ginásio que funciona também como um abrigo aéreo. Mas foi um alarme falso.
O gás natural é uma ferramenta geopolítica e um alvo em Israel, onde uma bonança de recursos recém-descobertos tem potencial para melhorar os laços com o Egito, a Jordânia e até mesmo a Autoridade Palestina, que tanto necessitam de energia. Mas a chave para este impulso diplomático não é uma autoridade israelense, um rei do Oriente Médio ou um embaixador americano. É uma companhia de petróleo no Texas.
A Noble Energy, empresa que controla a plataforma Tamar e está abrindo outro campo de exploração nas proximidades chamado Leviatã, fechou vários acordos de venda de gás israelense para os vizinhos nos últimos meses, uma estratégia de exportação incentivada pela administração Obama para amenizar tensões na região. Tanto a Jordânia quanto a Autoridade Palestina assinaram acordos preliminares nos últimos meses, e a Noble está em conversações para fornecer grandes quantidades de gás ao Egito.
O relacionamento corporativo é crucial. Como principal negociadora, a Noble dá cobertura aos líderes que, caso contrário, poderiam enfrentar consequências políticas por negociar diretamente com o governo de Israel.
Mas autoridades disseram estar preocupadas com o fato de que a Noble Energy e seus parceiros israelenses detenham exclusividade na produção de gás. O comissário antitruste de Israel, David Gilo, anunciou recentemente que vem considerando uma ação para limitar a dominância do consórcio, que controla "todas as reservas de gás no litoral do Estado de Israel".
A Noble Energy, que concluiu o desenvolvimento de Tamar no ano passado por US$ 3,5 bilhões, diz ter encontrado mais de 800 bilhões de metros cúbicos de gás na região. Essa descoberta seria suficiente para satisfazer a demanda israelense atual durante quase um século.
Metade da energia elétrica de Israel vem agora do gás natural que flui através da Tamar, tornando a plataforma e uma unidade de processamento em terra um foco tentador para os inimigos. Encarregados de segurança compõem cerca de metade do pessoal na plataforma de Tamar.
O consumo de gás em Israel está crescendo rapidamente, mas o mercado interno não é grande o suficiente para aproveitar todo o potencial da Tamar, muito menos desenvolver a Leviatã, muito maior. Então, a Noble e seus parceiros israelenses concentram-se no Egito e na Jordânia, os locais mais próximos e mais baratos para a exportação.
A administração de Obama apoia discretamente a estratégia. Oficiais americanos acreditam que os relacionamentos baseados em energia poderiam reforçar a frágil paz entre Israel e seus vizinhos e talvez oferecer uma maneira de diminuir a dependência europeia em relação ao gás da Rússia.
"A energia é algo fundamental, que realmente faz a diferença", diz Gideon Tadmor, presidente da Deleg Drilling, uma das parceiras da Noble.
As relações da Jordânia com Israel têm estado meio tensas ultimamente, mas ela é uma cliente receptiva. Desde 2011, a Jordânia, como Israel, teve seu fornecimento de gás interrompido, quando militantes no Sinai repetidamente atacam um grande gasoduto do Egito.
Especialistas do setor dizem que a Noble terá compromissos em longo prazo para suportar as despesas da Leviatã, que deverá custar US$ 8 bilhões em sua primeira fase. O cliente mais provável é o Egito, que está bloqueando as exportações para atender a alta demanda interna e evitar apagões de energia.
A tentativa do órgão regulador de terminar o consórcio acarretaria mais atrasos na Leviatã, que já provou ser difícil de desenvolver.
Enquanto isso, as empresas nacionais aproveitam o novo gás. Uma empresa israelense, a Dorad Energy, recentemente construiu uma usina de geração movida a gás por US$ 1,3, perto de Ashkelon. A usina atende cerca de 10% da demanda de energia de Israel. A empresa está planejando abrir outra ao lado.
"Meu sonho é vender eletricidade para o Egito, a Jordânia e até mesmo a Síria. Israel tem a capacidade de fornecer muita energia", disse Moshe Cohen, gerente da fábrica, enquanto mostrava as instalações a um visitante, inclusive um buraco no meio da rua feito por uma bomba.
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