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Uma prometida reconciliação entre facções políticas rivais está entre os desafios dos líderes palestinos que assinaram um pacto, em 23 de abril, para unir Gaza à Cisjordânia e reparar a ruptura Fatah-Hamas.

Uma batalha de seis dias pelo controle da Faixa de Gaza, em 2007, deixou 260 ativistas do Fatah e 176 do Hamas mortos. Um comitê foi encarregado de persuadir suas famílias a aceitar a compensação em vez de buscar a pena de morte, conforme definido pela lei islâmica.

A atenção também está voltada a como o pacto pode afetar a interação com Israel e o apoio financeiro dos Estados Unidos e Europa.

Mustafa Barghouti, um dos membros do conselho central da Organização pela Libertação da Palestina, está envolvido na reconciliação. Ele afirmou não estar claro o que acontecerá aos 40 mil funcionários do governo do Hamas e 70 mil trabalhadores da Autoridade palestina em Gaza que, durante sete anos, receberam salários sem trabalhar.

Ainda não existe um plano para integrar as forças de segurança em Gaza e na Cisjordânia. Não se resolveu quem controlará o lado de Gaza da fronteira cruzando para o Egito. Tampouco se decidiu o destino de 41 membros do Fatah presos em Gaza e 19 prisioneiros do Hamas na Cisjordânia.

"Não posso afirmar que existe um plano completo", declarou Barghouti.

Até agora, as medidas têm sido principalmente simbólicas. Recentemente, o Hamas esvaziou uma casa na Cidade de Gaza que pertence ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, mas que havia sido confiscada durante a batalha de 2007. Jornais voltaram a circular por todo o território. Membros do Fatah e do Hamas se uniram em tendas de solidariedade para apoiar prisioneiros em greve de fome.

A reconciliação afeta uma quantidade relativamente grande dos mais de quatro milhões de palestinos das duas áreas, mas é obscurecida por ideologia, emoção e dinheiro. O Qatar prometeu US$5 milhões – cerca de US$11.500 por família –, mas muitos dos enlutados exigem o Qisas, um princípio islâmico que prega a pena capital.

"Nunca vou perdoar", disse Hamza Al-Rafati, de 24 anos, cujo pai, Mohammed, um empresário e imam afiliado ao Hamas, estava entre as vítimas. Em 2012, três membros do Fatah foram condenados por executar Mohammed.

"Quero que eles sejam mortos", afirmou Hamza.

Segundo Ismail Radwan, representante do Hamas no comitê, as famílias não seriam obrigadas a abandonar processos civis ou religiosos no tribunal, mas os líderes estavam contando com isso para "apresentar os exemplos morais idealistas do perdão".

Em muitos casos os assassinos são desconhecidos, como no de Maher Radi, membro do braço armado do Fatah. Ele foi morto pelo Hamas em 2007. "Lembro de meu pai a cada passo que dou: quando acordo, quando caminho até a escola, antes de dormir, pois ele ficava ao meu lado até eu adormecer quando eu tinha medo de algo", contou sua filha de 14 anos, Aseel.

"O sangue de meu irmão não tem preço", acrescentou Abu Diab Radi. "Nós nem mesmo acreditamos que a reconciliação terá sucesso".

A União Europeia anunciou que continuará apoiando o novo governo prometido desde que ele reconheça Israel, renuncie à violência e permaneça comprometido a uma solução de dois estados para o conflito entre Israel e Palestina.

Líderes do Hamas deixaram claro que a insistência de Abbas para que o novo governo aceite essas condições não significa que eles irão ceder.

"É como uma dança", comparou Barghouti. "Você tem um passo para a direita e um para a esquerda, mas o importante é que estamos avançando. Estamos avançando mais do que nunca".

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