Vestindo um quimono cinza-pérola, Reiko Tomimori, 62 anos, saúda os hóspedes com uma reverência em sua Ochaya Tomikiku, casa de chá no distrito de Gion. Ela então os leva até o segundo andar onde gueixas e aspirantes, que são chamadas de maikos, os entretêm.
Reiko tem uma aparência convencional, mas muita coisa em sua casa de chá está evoluindo, a começar com o número crescente de clientes estrangeiros. Eles são convidados de uma das mais de 30 empresas internacionais aqui que usam as gueixas para entreter seus clientes.
Recentemente, Reiko, rompendo com a prática tradicional, começou a admitir visitantes que não têm convite ou acompanhante, mas que querem passar algum tempo na companhia de gueixas. Algumas outras casas de chá, ou ochayas, estão fazendo o mesmo.
“Tradicionalmente esse negócio destina-se apenas a clientes regulares”, disse Reiko.
Porém, como a economia do Japão continua a sofrer e a queda dos gastos corporativos deprimiu o atendimento local, ela começou a receber estrangeiros para garantir suas finanças. Para isso, criou uma casa de chá bilíngue que desempenha um papel pequeno nos negócios internacionais.
Reiko é fluente em inglês, assim como a mais jovem de suas duas aprendizes, Tomitsuyu.
“Para a maioria dos clientes, essa é a primeira vez que veem uma maiko-san ou geiko-san, e eles sempre parecem muito interessados nesse tipo de cultura”, disse Tomitsuyu, 18 anos, usando o termo regional para gueixas.
Normalmente, as gueixas atuam como anfitriãs, travando conversas espirituosas e incentivando os hóspedes a se misturarem. Elas preparam e servem alimentos, chá e outras bebidas, tocam música e apresentam danças tradicionais. Algumas tocam o shamisen, um instrumento de cordas. Uma cerimônia do chá para seis pessoas com uma maiko custa cerca de US$250.
Antigamente, gueixas podiam cobrar por experiências sexuais, mas essa prática foi abandonada.
Tomitsuyu disse que Reiko se encarrega das despesas como quimonos, maquiagem, aulas e cabeleireiros. Tudo que Tomitsuyu ganhar nos primeiros cinco anos como maiko fica com Reiko, e a aprendiz recebe uma pequena mesada.
A maioria das outras proprietárias de casas de chá não quer seguir esse exemplo
Fumie Komai, mama-san da casa de chá de 100 anos, a Komayah, disse que não tinha interesse em estrangeiros desacompanhados. “Não faz sentido a maiko-san falar inglês, espanhol ou francês. Não é bom, não parece tradição.”
Os comentários de Fumie foram traduzidos por um cliente, Ken Yokoyama, gerente geral do hotel Hyatt Regency local. Ele acreditava que as casas de chá fossem uma sociedade secreta; só mais tarde é que ficou sabendo como isso poderia ajudá-lo em seu negócio quando soube que era permitido levar convidados.
Associados do hotel compreendiam a natureza incomum da experiência que ele estava oferecendo, e Yokoyama disse que isso o ajudou a fechar negócios.