Ilan Zechory e Tom Lehman trabalham juntos, vão juntos à ioga e até tiram férias juntos. E, embora não sejam um casal em qualquer sentido, muitas vezes brigam como se fossem.
Por isso agora Zechory e Lehman, que são sócios numa empresa, fazem terapia de casal. Os dois, ambos de 31 anos, fundaram o Genius.com, start-up que permite aos seus usuários fazerem anotações em letras de músicas ou qualquer outro texto disponível na internet.
E é por isso que as coisas podem ficar realmente complicadas: se algo der errado na relação, poderá dar errado para a empresa. Esse tipo de terapia está se popularizando entre jovens empreendedores tecnológicos que têm diferenças a resolver.
“Com exceção do sexo, os fundadores de empresas têm a mesma interdependência que os casais casados”, disse Peter Pearson, um dos criadores do Instituto dos Casais, segundo quem os relacionamentos amorosos e profissionais fracassam por razões similares.
Alguns empreendedores estão interessados em aprender a preservar amizades em um ambiente estressante. Outros buscam apenas evitar as brigas e disputas que já perturbaram empresas como Facebook e Twitter.
Richard Hagberg, um psicólogo e “coach” de liderança com clientes em San Francisco, disse que o aconselhamento terapêutico a pessoas que trabalham em start-ups se tornou tão comum que ele recentemente visitou em um só dia quatro empresários.
“Muitas dessas pessoas nunca trabalharam para ninguém. Elas não têm modelos eficazes sobre o que seja liderança.”
Lehman e Zechory parecem atados, pois cada um tem características das quais o outro precisa para ter sucesso. Suas diferenças explicam por que eles se complementam, mas também podem ter relação com o fato de eles às vezes se enlouquecerem mutuamente.
“Tom tem uma energia maníaca que nos impulsiona para frente, mas também causa estragos”, disse Zechory. “Aí eu entro com a minha vassoura e digo: ‘Quero deixar claro que a vassoura é minha e eu vou limpar isso’.”
Apesar desses solavancos, a empresa está em expansão: a Genius recebeu em junho US$ 40 milhões em capital de risco e passou a ter 40 funcionários.
A dupla planeja transferir sua sede para um escritório de 4.000 metros quadrados e cinco andares. Em meio ao crescimento repentino e às pressões inerentes a isso, os sócios definiram seus papéis com títulos formais: Lehman é executivo-chefe; Zechory é o presidente.
Em agosto passado, eles trouxeram Russell Farhang como diretor de operações. A contratação foi uma admissão de que Zechory e Lehman precisavam de alguém para executar as operações, de modo que eles pudessem focar na estratégia.
“A relação deles é a peça central”, disse Farhang, acrescentando: “Ilan está sempre em fogo brando. Tom está crepitando.”
Parte do problema deles pode vir de passarem tempo demais juntos. “Nosso terapeuta revira os olhos quando vê que tiramos férias juntos”, disse Zechory.
“Ele acha que devemos passar um tempo separados para realmente apreciarmos um ao outro, ter um respiro e não ficarmos tão entremeados.”
É possível que Zechory e Lehman nunca parem de se desentender, mas eles garantem ter aprendido três lições: nunca deixar passar uma oportunidade de dizer algo positivo; afastar-se de uma conversa acalorada não é abandonar a questão; e é melhor discutir um problema, porque ele surgirá de qualquer jeito.
“Sempre que você sente algo negativo em relação a alguém que você ama”, disse Zechory, “isso dói mil vezes mais”.