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Hackers exigem bitcoins em resgates

Caixa automático transforma dólares em bitcoins; | Mike Blake/Reuters
Caixa automático transforma dólares em bitcoins; (Foto: Mike Blake/Reuters)

Nos velhos tempos, os pagamentos de resgates eram feitos com maletas cheias de notas não marcadas. Hoje, o bitcoin é a moeda preferida dos criminosos.

Em todo mundo, hackers vêm se apoderando de arquivos de computadores, derrubando sites da web e até fazendo ameaças físicas. As vítimas —que variam de internautas comuns até empresas financeiras e departamentos de polícia— escutam que a única maneira de se livrar das ameaças é um pagamento em bitcoins que às vezes supera US$ 20 mil.

Um grupo de hackers, que se acredita estar na Rússia e na Ucrânia, coletou cerca de US$ 16,5 milhões em bitcoins em pouco mais de um mês, basicamente de vítimas nos EUA, segundo a empresa de segurança Sophos.

Os criminosos gostam da moeda virtual porque ela pode ser guardada em uma carteira digital que não precisa ser registrada junto a qualquer governo ou autoridade financeira —e porque pode ser facilmente trocada por dinheiro real. Uma única bitcoin pode ser vendida on-line ou na rua por cerca de US$ 290.

A bitcoin, lançada por um criador anônimo em 2009, vem conquistando a corrente dominante. A Goldman Sachs e a Bolsa de Nova York já elogiaram a tecnologia como uma maneira rápida e eficiente de concluir transações financeiras.

Porém, a proliferação de pedidos de resgate é um lembrete infeliz do constante apelo da moeda virtual para o submundo do crime, muito depois que as autoridades fecharam o bazar de drogas on-line Silk Road, onde heroína e cocaína eram vendidas em bitcoins.

A última lembrança da fragilidade da bitcoin veio em julho, com a prisão de dois homens na Flórida. As autoridades disseram que eles infestavam computadores com malwares (softwares maliciosos que invadem computadores) e exigiam pagamentos em bitcoins.

Recentemente, várias empresas financeiras foram atacadas por um criminoso (ou um grupo) que atende pelo nome de DD4BC. O DD4BC ameaçou sobrecarregar os sites das empresas com mensagens a menos que elas fizessem um pagamento em bitcoins.

As vítimas corporativas geralmente são obrigadas a pagar US$ 10 mil, segundo especialistas. “Não me ignore, ou o preço aumentará”, disse DD4BC em um e-mail que foi divulgado. “Quando você me pagar, ficará livre por toda a vida do seu site.”

Ted Weisberg, presidente da corretora Seaport Securities, disse que sua empresa não pagou o resgate e repeliu o bombardeio de tráfego com a ajuda de um de seus assessores técnicos.

A bitcoin é movimentada por uma rede descentralizada de computadores que não coletam informações pessoais dos usuários. Além disso, as transações são desenhadas para ser irreversíveis, de modo que as vítimas não podem reclamar seu dinheiro como fariam com uma transação por cartão de crédito ou PayPal.

No final de 2013, a primeira versão da chantagem digital baseada em bitcoin, chamada CryptoLocker, começou a se espalhar pelo mundo. O software criptografava todos os arquivos do computador e oferecia uma senha para destravar os arquivos em troca de um pagamento em bitcoins.

Quando uma aliança de autoridades internacionais derrubou o CryptoLocker em meados de 2014 e identificou o cérebro do golpe como um russo de 30 anos, Evgeniy Bogachev, o software havia se espalhado para 234 mil computadores. Desde então, variedades muito mais virulentas surgiram, a maioria sob o nome de CryptoWall.

No final de 2014, a Dell SecureWorks disse que o CryptoWall tinha infectado mais de 800 mil computadores. Novas versões do malware, com nomes como TorrentLocker e Dirty Decrypt, surgiram frequentemente desde então.

Um departamento de polícia de Durham, em New Hampshire, que foi atingido pelo CryptoWall em junho de 2014, recusou-se a pagar o resgate e conseguiu recuperar seus arquivos de backup. Porém, recentemente, departamentos de polícia em Dickson, no Tennessee, e Tewksbury, Massachusetts, disseram que preferiram pagar o resgate de cerca de US$ 500.

Os criminosos foram atrás de dois antigos defensores da bitcoin no ano passado. Quando um deles, Hal Finney, se recusou a pagar, o assaltante chamou a polícia local e relatou um assassinato na casa de Finney, o que levou uma equipe da Swat a invadir a casa, segundo a família. A outra vítima, Roger Ver, derrotou seu chantagista oferecendo uma recompensa de US$ 20 mil pela prisão do criminoso.

Alguns defensores da bitcoin sugeriram que se marque digitalmente qualquer moeda usada para o pagamento de resgates, assim como as notas de dólares usadas em sequestros são marcadas com tinta invisível. Porém, essas soluções foram refreadas devido ao valor que muitos atribuem à livre movimentação da moeda.

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