A americana Candace Campos levou a estética ocidental para Hong Kong; acima, exposição no centro PMQ| Foto: Lam Yik Fei para The New York Times

Quando Candace Campos se mudou dos Estados Unidos para Hong Kong, há seis anos, encontrou alguns obstáculos para abrir uma empresa de design de interiores.

CARREGANDO :)

Ela começou pequena, transformando sua casa de 70 metros quadrados, antes um detonado ponto comercial, em um luminoso espaço habitável, inspirado nos lofts de Nova York. Uma reportagem de capa da revista "Home Journal" mostrando o apartamento dela em Hong Kong, publicada em 2008, atraiu o interesse de outros expatriados que desejavam uma estética ocidental para seus lares neste território autônomo chinês.

"A ideia de deixar tubulações expostas, vigas e colunas brutas e pisos de concreto não era uma estética de design encontrada em Hong Kong", disse Campos, 34. "Por isso, foi fácil me destacar em relação a outros designers."

Publicidade

A empresa dela, chamada ID Interiors & Identity Design, já desenvolveu a identidade visual de restaurantes como o Tate Room & Bar, dono de uma estrela Michelin. Campos disse que a ausência de talentos nativos significou uma vantagem para ela. Seus principais concorrentes, observou, são outros expatriados.

Mas Hong Kong, mais conhecida por seu porto cargueiro e por seu setor financeiro do que por ter uma cena cultural vibrante e criativa, está se empenhando em transitar para uma economia baseada na inovação, na força das marcas e no design, disse Stanley Chu, 64, fundador e presidente do grupo Adsale, que organiza feiras internacionais na Ásia.

Em 2009, o governo instituiu uma agência chamada CreateHK, dedicada ao desenvolvimento de setores criativos, o que inclui publicidade, arquitetura, design, patrimônio cultural, artes cênicas e cinema. O escritório também tem trabalhado com o sistema educacional local, de escolas primárias a faculdades, para desenvolver currículos ligados ao ensino de técnicas audiovisuais, animação e arquitetura.

As iniciativas estão a começar a frutificar. A contribuição dos setores criativos para o produto interno bruto do território subiu de 3,9% em 2007 para 4,9% em 2012, de acordo com o Departamento do Censo e de Estatísticas de Hong Kong – cerca de 97,8 bilhões de dólares de Hong Kong, ou US$ 12,6 bilhões. O número de pessoas empregadas nessas áreas também cresceu em 20 mil entre 2007 e 2012, chegando a 200.370.

O antigo Quartel dos Policiais Casados, uma instalação da era colonial, foi transformado como parte de um plano de conservação. O local, hoje conhecido como PMQ, pela sigla em inglês, foi inaugurado em abril e abriga ateliês para mais de cem empreendedores de setores criativos, incluindo vários designers e estilistas de moda. Desde a abertura, mais de 1,5 milhão de visitantes já passaram pelo PMQ, onde acontecem oficinas de marketing e "branding".

Publicidade

Executivos em campos criativos dizem que, embora o número de profissionais criativos nativos esteja crescendo, a opinião dos clientes sobre esse tipo de atividade pode estar presa ao passado.

A Faculdade Savannah de Arte e Design, dos EUA, está aderindo a outros esforços destinados a dar maior credibilidade às áreas criativas no território, segundo Robert Dickensheets, vice-reitor da instituição em Hong Kong, cujo campus foi inaugurado em 2010. O número de matrículas saltou de 141 na turma inicial para 600 ingressantes neste ano.

Lucia Ho, 21, que frequentou a escola, trabalha em tempo integral para a empresa Peninsula Merchandising Limited, que produz mercadorias para a rede de hotéis Peninsula. Ela observou que dos 13 formandos em design gráfico na primeira turma, 11 receberam ofertas de emprego mesmo antes da conclusão do curso, em junho.

À medida que mais pessoas como ela encontrarem trabalho nos novos setores criativos, elas começarão a mudar a percepção geral a respeito desse tipo de atividade em Hong Kong, segundo Dickensheets.

O objetivo de longo prazo para Hong Kong, disse ele, é criar uma cultura em que "o designer possa ser valorizado tanto quanto um banqueiro".

Publicidade