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Neil deGrasse Tyson (acima) é o apresentador de uma versão modernizada de “Cosmos”, a popular série de documentários que Carl Sagan ajudou a criar para a TV em 1980 | Ruth Fremson/The New York Times
Neil deGrasse Tyson (acima) é o apresentador de uma versão modernizada de “Cosmos”, a popular série de documentários que Carl Sagan ajudou a criar para a TV em 1980| Foto: Ruth Fremson/The New York Times

Quando algumas das melhores cabeças dos Estados Unidos se reuniram em Washington para celebrar o astrobiólogo pioneiro Carl Sagan, o primeiro orador foi uma pessoa sem qualquer experiência profissional com ciência. Foi Seth MacFarlane, humorista e criador do seriado "Family Guy", quem fez um discurso acalorado para a plateia de doutores e assessores da Nasa sobre o fato de as conquistas científicas "terem deixado de ser motivos de orgulho em muitas partes deste país".

Agora MacFarlane está dando outro passo para além de sua fama de criador de humor grosseiro, tornando-se produtor executivo de uma nova versão de "Cosmos", a popular série documental da TV que Carl Sagan ajudou a criar e apresentou em 1980.

O "Cosmos" original, em que Sagan tratou das origens e da evolução do Universo, além do lugar ocupado pelo homem, tornou-se um marco cultural.

Em 2012 a Biblioteca do Congresso considerou a versão em livro do programa um dos 88 livros que moldaram a América. Em prefácio a uma nova edição do livro, Neil deGrasse Tyson, apresentador do novo "Cosmos", escreveu que o programa trouxe à tona "a sede oculta em todos nós de aprender sobre nosso lugar no Universo e a razão pela qual isso tem importância intelectual, cultural e emocional".

Como ele fala na abertura do novo programa, que será exibido em 170 países e 45 idiomas, "é hora de nos movermos de novo".

Muita coisa aconteceu desde que Carl Sagan partiu em sua nave espacial imaginária. Robôs estão explorando Marte. O ônibus espacial foi laçado e aposentado. Descobriu-se que a expansão do Universo está ganhando velocidade e que a temperatura da Terra está subindo.

O "Cosmos" original carregava uma mensagem profundamente humanista, e Sagan frequentemente lembrava que a Terra e seus habitantes não passam de pontinhos minúsculos em um Universo mais vasto. Esse era um reflexo de sua filosofia pessoal, mas também da preocupação dele com um holocausto nuclear catastrófico, que ele acreditava que pudesse ser evitado se as pessoas focassem sobre seus pontos em comum.

Diretor do planetário Hayden, em Nova York, Tyson disse que existem equivalentes atuais perturbadores que justificam um espírito semelhante de urgência. "Será que sabemos realmente o que estamos fazendo com nosso meio ambiente, que damos como garantido?", ponderou. MacFarlane disse que seu envolvimento com "Cosmos", cuja temporada de 13 episódios começará a ser exibida neste mês pela Fox, deve-se ao desejo de homenagear a série que o influenciou quando ele era criança.

"’Cosmos’ trata de perguntas que todo ser humano se faz, quer pense sobre elas em nível matemático ou apenas como leigo", disse. "O programa apresentava as questões de maneira suavizada para aqueles de nós que não éramos cientistas, mas não simplificava demais." O "Cosmos" atual chega em uma era em que as expressões de descobertas científicas podem ser polarizadoras. "É hora de defender a ciência e a maravilha do Universo revelado pela ciência", disse Ann Druyan, a viúva de Carl Sagan. "Maravilhamento e ceticismo —uma coisa não detraindo a outra."

Druyan criou o "Cosmos" original com Sagan e o astrofísico Steven Soter. Há sete anos, mais ou menos, ela e Soter começaram a propor uma versão atualizada do programa para várias redes de TV. Neil Tyson parece estar idealmente posicionado para assumir o lugar que foi de Sagan. Em 1975, quando era estudante secundarista, foi convidado por Sagan para passar um dia com ele na Universidade Cornell, em Cornell, Nova York. Tyson acabaria estudando em Harvard, na Universidade do Texas e na Universidade Columbia, em Nova York, emergindo com Ph.D. em astrofísica. Ele é diretor do Hayden Planetarium desde 1996.

No primeiro episódio, vamos conhecer um calendário cósmico em que os 13,8 bilhões de anos de história do Universo foram comprimidos em 365 dias. Agora sendo a meia-noite do dia 31 de dezembro. Nessa escala, diz Tyson, o Sol nasceu em 31 de agosto, e os dinossauros morreram ontem. Todo o mundo de quem você jamais ouviu falar viveu nos últimos 14 segundos. "Jesus nasceu cinco segundos atrás", diz. "Começamos a fazer ciência no último segundo. Ela nos permitiu descobrir onde e quando estamos no Cosmo."

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