Rastreamento do ebola na Coreia do Sul inclui uma câmera térmica que monitora passageiros com temperatura elevada| Foto: Choe Jae-Koo/Yonhap, via Associated Press/

Os sistemas de geração de imagens térmicas usados pela polícia francesa para encontrar os dois irmãos suspeitos no massacre da “Charlie Hebdo”, em janeiro, se baseiam em uma tecnologia em rápida evolução que hoje é encontrada em hospitais, aeroportos e até smartphones.

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Assim como o GPS, as imagens térmicas já foram usadas exclusivamente pelos militares e a polícia. Em 2013, um helicóptero da polícia de Massachusetts usou imagens térmicas para localizar o suspeito no atentado a bomba de Boston, Dzhokhar Tsarnaev, depois que um morador relatou que o fugitivo estava escondido em um barco em seu quintal.

Em junho passado, uma aeronave militar de vigilância equipada com sensores infravermelhos teve um papel chave na caçada a Justin Bourque, que havia matado três policiais em Moncton, New Brunswick (Canadá). As câmeras o descobriram escondido no mato espesso tarde da noite.

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Enquanto os seres humanos veem a luz refletida, todos os objetos que nos cercam — além de pessoas, animais e até objetos “frios” como o gelo — emitem calor, radiação além do espectro visível que pode ser vista em imagem na forma de uma “assinatura de calor”. Um corpo humano geralmente emite mais calor que o campo a seu redor, por isso se destaca.

Diferentemente dos dispositivos de visão noturna, que ampliam pequenas quantidades de luz visível, as câmeras de imagens térmicas contam com sensores conhecidos como sistemas microeletromecânicos, ou MEMS, que produzem imagens a partir do calor.

As câmeras de imagens térmicas são feitas de uma grande série de dispositivos MEMS exóticos, assim como óptica especializada. Lentes de vidro convencional e plástico não podem ser usadas porque bloqueiam o calor. Essas câmeras exigem lentes feitas a mão ou silício transparente.

Há muito usadas pelos militares em vigilância, as câmeras térmicas levantaram preocupações de privacidade. Em 2001, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que o uso de sensores pela polícia para detectar plantas de maconha cultivadas dentro de casa violava as liberdades civis porque constituía uma busca não razoável.

Mesmo assim, a tecnologia abriu caminho até as aplicações comerciais de baixo custo, onde não há barreiras legais claras.

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A empresa de software Essess, fundada por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), equipou uma frota de veículos com sensores de imagens térmicas que tornam possível mapear rapidamente a eficiência energética em bairros e edifícios comerciais.

Na FLIR Systems, de Wilsonville, Oregon, a maior fabricante mundial de equipamento de imagens térmicas, clientes militares e do governo já responderam por 70% das vendas; hoje esse número é de aproximadamente 30%. A companhia, que teve receitas de US$ 1,5 bilhão em 2013, faz câmeras térmicas que custam menos de US$ 300.

“Nosso alvo é o dono de casa do tipo ‘faça-você-mesmo’”, disse Andy Teich, da FLIR. A empresa também vende um sistema de imagens térmicas que se conecta a smartphones para que os donos de casa possam localizar vazamentos de ar e problemas no encanamento.

As tecnologias de imagens térmicas também se tornaram parte do arsenal usado para conter a disseminação de doenças. Câmeras infravermelhas nos aeroportos detectam a alta temperatura corporal quando os passageiros passam por pontos de verificação nos terminais.

As câmeras, que podem detectar mínimas mudanças na temperatura corporal, foram usadas inicialmente no Sudeste Asiático para reagir a surtos de Sars e gripe aviária. Mais recentemente, servem para alertar as autoridades sobre pessoas que podem ter contraído ebola.

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