O conde Anton-Wolfgang von Faber-Castell é famoso por atirar lápis de madeira da torre de seu castelo no chão de pedra, metros abaixo.
Mas essa não é a mania de um aristocrata bávaro maluco. O conde de 72 anos, o oitavo em uma longa linhagem de fabricantes de lápis, quer apenas provar a durabilidade dos lápis que carregam o nome de sua família.
A família Faber-Castell fabrica centenas de milhões de lápis aqui nas margens do veloz Rio Rednitz. Uma torrente de lápis de todas as cores flui das máquinas barulhentas de uma fábrica centenária, com telhado de telhas de cerâmica e janelas em tons pastel.
A Faber-Castell é a maior fabricante de lápis de madeira do mundo e ainda faz uma ampla gama de canetas, gizes de cera e equipamentos para arte e desenho, bem como uma série de acessórios como borrachas e apontadores. Cerca de metade da produção da empresa alemã é exportada, em sua maior parte para outros países da zona do euro. Nem todas as fábricas da empresa ficam na Alemanha. Porém, quando a Faber-Castell que é uma sociedade limitada fabrica lápis em lugares como a Indonésia ou o Brasil, ela o faz em suas próprias fábricas.
A Faber-Castell continuou a ser competitiva no mercado global, pois se concentrou no design e na engenharia, transformando produtos comuns em artigos de luxo.
Quando até crianças em idade pré-escolar sabem mexer no iPad, não existe certeza de um futuro colorido por lápis e canetinhas.
"O maior desafio para a Faber-Castell é o desenvolvimento da escrita no advento das novas tecnologias digitais", afirmou Hermann Simon, consultor de gestão. "As crianças ainda vão escrever? A Faber-Castell reconhece esse desafio."
Ainda assim, a Faber-Castell, fundada em 1761, quando os lápis com grafite eram uma novidade, já superou mudanças tecnológicas em outros momentos. Quando o conde Anton assumiu os negócios em 1978, após a morte do pai, a empresa era a líder mundial na fabricação de réguas de cálculo, que foram jogadas no lixo após a invenção das calculadores eletrônicas. Então, nos anos 1980, o advento do design por computador acabou com o mercado de produtos para o desenho industrial.
O conde Anton trabalhava com investimentos no Credit Suisse First Boston, quando seu pai morreu inesperadamente. Ele não estava animado com a perspectiva de assumir o trono da família. "Os lápis não me interessavam", afirmou.
Para sua surpresa, ele gostou do trabalho e sentiu a responsabilidade de preservar o legado da família, uma característica típica das empresas alemãs.
O conde redefiniu a linha de produtos para dar mais ênfase aos produtos de maior valor agregado, de lápis de cor para artistas a canetas-tinteiro vendidas por milhares de dólares. Os produtos premium são responsáveis por 10 por cento das vendas da empresa.
"Precisamos mudar continuamente", afirmou o conde Anton. "Se você relaxa e diz Estou satisfeito com meus produtos, está dando o primeiro passo em direção ao inferno."
Embora o design básico do lápis não tenha mudado consideravelmente nos últimos 400 anos, a Faber-Castell encontrou formas de ser especial. Por exemplo, no fim dos anos 1990 ela desenvolveu um lápis triangular com bolinhas em relevo que o tornam mais fácil de segurar. O modelo se mostrou muito popular.
As inovações da empresa incluem o uso de coberturas à base de água para tornar os lápis mais ecologicamente corretos, além de não serem tóxicos para quem não consegue parar de roê-los. Para demonstrar como a tinta que a Faber-Castell usa nas canetinhas infantis é inofensiva, o conde Anton bebeu um copo cheio de tinta em frente às câmeras este ano.
A Faber-Castell foi fundada por Kasper Faber, um aprendiz de carpinteiro. Seu bisneto, Lothar Faber, recebeu em 1861 um título de nobreza do Rei Maximiliano II da Bavária, depois de transformar a empresa na maior fabricante de lápis do mundo.
O conde Anton acredita que as pessoas sempre escreverão à mão. As pessoas ainda usam lápis, canetas e marcadores para fazer anotações em documentos impressos, argumentou. E até nos países mais ricos as crianças usam lápis e canetas para aprender a desenvolver as habilidades motoras necessárias para ler e escrever.
"De certa forma, o lápis é um produto muito arcaico que continua a ser indispensável", afirmou. "O lápis continuará vivo por muito mais tempo do que provavelmente imaginamos."
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