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O caso de dividir o Reino Unido foi criado num centro comunitário nesta pequena cidade perto de Glasgow. Mais de 200 pessoas estavam sentadas em cadeiras dobráveis e de pé ao longo de paredes forradas com cartazes promovendo uma Escócia independente, como um com a palavra "Aye" (sim) estampada numa bandeira escocesa. Nicola Sturgeon, vice-primeira-ministra da Escócia, falou de um púlpito coberto por uma cortina xadrez.

"Como país, passamos um tempo terrivelmente longo sendo informados de que somos pequenos, pobres e provavelmente estúpidos demais para sermos independentes", declarou ela. "Se fôssemos pequenos e pobres e estúpidos demais, se fôssemos um caso econômico perdido, se fôssemos os viciados em subsídios como alguns de nossos oponentes tentam afirmar, vocês acham que Westminster a esta altura já não nos teria expulsado?" Depois que os aplausos cessaram, ela perguntou: "Quais são as desvantagens?".

Muitas, segundo vários líderes empresariais e economistas, que temem que uma Escócia independente não teria a força financeira para prosperar sozinha. Em 30 de maio, teve início o período oficial de campanha para o referendo que determinará se a Escócia permanecerá como parte da Grã-Bretanha. Se bem-sucedida, a votação em setembro redefinirá as fronteiras de uma união que existe há mais de 300 anos.

O Partido Nacional Escocês (do governo) vê uma Escócia independente, sustentada pela riqueza de petróleo no Mar do Norte, livre de armas nucleares e capaz de erigir um estado de bem-estar social mais firme. Nacionalistas citaram uma análise de governo prevendo que a Escócia, por conta própria, teria a 14a maior produção per capta entre as economias avançadas. Suas descobertas, no entanto, foram recentemente minadas por um estudo da Universidade de Glasgow, que afirmou que "a presença estrangeira em áreas cruciais da economia" era um empecilho para as estatísticas da renda nacional.

E a receita do petróleo caiu 38 por cento de 2010 a 2013. A receita total, incluindo a parte geográfica da Escócia sobre o petróleo do Mar do Norte, foi de US$89 bilhões, contra gastos de aproximadamente US$109 bilhões.

Apesar da dianteira dos unionistas pró-Reino Unido, a situação tem variado para os dois lados. A diferença diminuiu para apenas três pontos percentuais em abril, numa pesquisa da ICM Research para o jornal "Scotsman", mas aumentou para 12 pontos em meados de maio, com 20 por cento ainda indecisos.

Os nacionalistas escoceses acreditam que o governo britânico é conservador demais e pressionou austeridade num governo que nunca a desejou. Mesmo assim, importantes autoridades britânicas descartaram compartilhar a cena com uma Escócia independente. José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, declarou que seria "extremamente difícil" para a Escócia entrar na União Europeia. Isso levantou a questão de se a Escócia seria obrigada a criar sua própria nova moeda, potencialmente volátil.

O maior doador do grupo pró-união Better Together é Donald Houston, magnata escocês do ramo de hotéis e uísques. Os maiores doadores individuais para o grupo pró-independência Yes Scotland são Colin e Christine Weir, que ganharam US$271 milhões na loteria EuroMillions em 2011.

Executivos de grandes corporações multinacionais costumam ver uma separação como um risco desnecessário. Mais pessoas estão se manifestando, como o chefe da BP Bob Dudley, que declarou que "a Grã-Bretanha é ótima e deveria permanecer unida", ou o principal executivo da General Electric na Europa, que disse que "haveria algumas consequências desagradáveis". O Weir Group, empresa escocesa de engenharia, divulgou um estudo afirmando que a independência iria "criar inúmeros custos e incertezas, mas poucos e incertos benefícios".

O custo de manutenção para a fatia escocesa da dívida britânica "seria duas vezes maior do que o petróleo do Mar do Norte", comparou John McLaren, professor da Universidade de Glasgow.

A Escócia está ameaçando abandonar qualquer parte de sua dívida caso o país seja mantido fora da união monetária. Embora exista precedente para isso – a Rússia assumiu toda a dívida soviética –, a situação poderia gerar retaliações por parte da Inglaterra.

A fronteira com o maior parceiro comercial da Escócia – o restante da Grã-Bretanha – também pode ser onerosa.

"Com o tempo, a realização de negócios através da fronteira se tornaria mais difícil", ponderou Iain Mcmillan, chefe do escritório escocês de um importante grupo comercial britânico.

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