O artista Robert Rauschenberg dizia que suas obras, como um reflexo honesto de sua vida, eram "prova de que continuo prestando atenção".
Porém, após produções revolucionárias dos anos 1950 e 1960, o mundo das artes prestou bem menos atenção em Rauschenberg. Várias de suas obras das décadas de 1970 e 80 continuaram relativamente desconhecidas. Ao que parece, agora isso vai mudar. A Fundação Robert Rauschenberg (FRR) está obtendo espaço em importantes acervos públicos como os do Museu de Arte Moderna, do Museu de Arte Metropolitan e do Museu Solomon R. Guggenheim para nove obras do final da carreira do artista, a maioria das quais passou a pertencer à fundação após a morte de Rauschenberg em 2008.
Integrantes de séries com títulos peculiarmente evocativos como "gluts" (assemblage de ferro-velho), "jammers" (construções etéreas com tecidos), "Venetians" (trabalhos inspirados na cidade italiana de Veneza) e "cardboards" (relevos minimalistas feitos com caixas comuns de papelão) as obras estão sendo distribuídas no esquema de "doação parcial, venda parcial" para museus, ou seja, a preços abaixo do mercado. Entre as instituições estão o Museu de Arte Moderna de San Francisco, o Instituto de Artes de Minneapolis e o Museu de Arte de New Orleans.
Graças a isso, Marie-Josée Kravis, presidente do Museu de Arte Moderna, e seu marido, Henry Kravis, prometeram outra obra de Rauschenberg, "Polar Glut" de 1987, para a instituição.
"Bob começou a reservar para si mesmo alguns de seus melhores trabalhos durante essa época, os anos 1970 e 1980", disse Christy MacLear, diretora-executiva da FRR. David White, curador-chefe da fundação, disse: "Dá para contar nos dedos de uma mão as instituições que têm esse tipo de obra tardia", que denota a prática do artista de reciclar os chamados detritos da vida moderna em novas direções.
Até mesmo o Museu de Arte Moderna (MoMA), que possui algumas das obras mais importantes feitas pelo artista nas décadas de 1950 e 1960, ainda tem um longo caminho a trilhar para chegar a uma plena consideração da obra de Rauschenberg, disse Ann Temkin, curadora-chefe de pintura e escultura do museu. "E ele é um desses artistas sobre os quais achamos absolutamente crucial relatar toda a história de sua carreira", acrescentou ela.
White disse que os trabalhos feitos após a década de 1960 são uma demonstração eloquente da determinação do artista a usar o que o mundo lhe apresentava, onde quer que ele estivesse. Após mudar-se de Nova York no início dos anos 1970 para a ilha Captiva, na Flórida, "ele dizia que não tinha mais as ruas da cidade como paleta para seu trabalho", contou White. "Uma coisa, porém, que havia em todos os lugares eram caixas de papelão".
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