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Investidor venezuelano prospera no Vale do Silício

Jonathan Gheller começou em Caracas vendendo tequeños — salgadinho típico venezuelano frito e recheado de queijo — e acabou montando um negócio comprado pelo Facebook. Hoje, trabalhando no cenário tranquilo de Menlo Park, na Califórnia, onde fica a sede de sua empresa, ele afirma que uma única pessoa esteve por trás da virada em sua sorte.

O mesmo aconteceu com Kenneth Lin, que batalhou muito no início da Credit Karma, companhia de crédito pessoal on-line que fundou em 2007, em San Francisco. O campo da tecnologia financeira (fintech) hoje é muito procurado pelos investidores, mas, em 2012, ele conseguiu levantar apenas US$ 2,5 milhões. Sua sorte só mudou em 2013, depois de encontrar alguém que compartilhava das mesmas ideias.

Ambos se sentem em dívida com Meyer Malka, venezuelano de 41 anos conhecido como Micky. Em 2012, ele abriu uma empresa de capital de risco, a Ribbit Capital – e, desde então, se tornou uma força em ascensão no Vale do Silício, um dos poucos latino-americanos a chegar ao alto escalão do setor.

Segundo ele, em março, a Ribbit levantou US$ 226 milhões para seu terceiro fundo – quase o dobro do valor do segundo, fechado um ano antes. Em pouco mais de três anos, amealhou US$ 446 milhões, o quarto maior volume das empresas norte-americanas do setor desde 2012, de acordo com o instituto de pesquisas Preqin.

Entre os investidores da Ribbit, estão nomes de destaque do Vale do Silício: SVB Capital, subsidiária do Silicon Valley Bank; Sequoia Heritage e Iconiq Capital, o grupo de gestão de fortuna discretíssimo cujos clientes incluem Mark Zuckerberg, do Facebook, e Reid Hoffman, um dos fundadores do LinkedIn. Os fundos da Ribbit também têm apoio individual de nomes que incluem Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook.

A ascensão de Malka beneficiou muitos empreendedores latino-americanos que há tempos lutavam contra as dificuldades. Seu sucesso se justifica pela valorização do setor de tecnologia financeira, pois, na verdade, Malka apostou nele quando poucos ainda o faziam — e de uma forma bem peculiar, dedicando-lhe uma empresa de capital de risco inteira. A atitude gerou respeito da parte dos empreendedores.

“Ele é a primeira pessoa para quem ligo quando preciso de alguma opinião”, confessa Lin, do Credit Karma.

Nascido e criado na Venezuela, Malka tinha poucas pessoas para quem ligar quando precisava de conselho. A economia e a sociedade de seu país dependem dos petrodólares. Apesar disso, ele começou a pensar em finanças e empreendedorismo quando ainda era garoto, comprando ações da Berkshire Hathaway de Warren E. Buffett com o dinheiro que ganhou no bar mitzvah.

A Ribbit agora apoia 27 empresas, praticamente todas nos EUA, incluindo Coinbase e LendingHome, mas continua sua política agressiva em grandes mercados emergentes como o Brasil, onde passou a investir no GuiaBolso, start-up de São Paulo.

Os investidores da Ribbit, de forma geral, parecem satisfeitos com Malka.

Como Irwin Gross, diretor de operações da Sequoia Heritage: “Ainda é muito cedo para dizer, mas ele fez exatamente tudo, ou quase tudo, do que disse que faria.”

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