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Xcor, que quer construir um avião espacial, levantou US $ 14,2 milhões para trabalhar na fuselagem | Mike Massee/XCOR Aerospace
Xcor, que quer construir um avião espacial, levantou US $ 14,2 milhões para trabalhar na fuselagem| Foto: Mike Massee/XCOR Aerospace

A Vestaron faz um pesticida ecológico derivado de veneno de aranha. A Bagaveev usa impressoras 3D para fazer motores de foguete para nano satélites. A Transatomic Power está desenvolvendo a próxima geração de reator movido a resíduo nuclear.

Todas têm uma coisa em comum: capital de risco do Vale do Silício.

Após anos se afastando de startups de ciências, engenharia e tecnologia limpa, os investidores voltam a se interessar por elas. Mas essas empresas enfrentam uma pressão intensa para provar que sua ciência pode dar lucro mais rapidamente do que as de tecnologia que estão bombando, como Snapchat e Uber.

Em agosto, a Founders Fund, que apoia redes sociais, anunciou um investimento de US$ 2 milhões na Transatomic Power de Cambridge, em Massachusetts. Alguns dias atrás, a Y Combinator participou de um investimento de US$ 1,5 milhão na Helion Energy, que está desenvolvendo um motor alimentado por fusão nuclear. E em setembro, o Google disse estar comprando a Lift Labs, startup de biotecnologia de San Francisco que faz uma colher high-tech para pessoas com tremores nas mãos.

"Estamos tentando revolucionar os pesticidas", disse John Sorenson, executivo-chefe da Vestaron. "Felizmente, os financiamentos estão começando a voltar para a ciência real e a inovação".

Startups industriais e de energia atraíram US$ 1,24 bilhão do financiamento de capital de risco americano no primeiro semestre de 2014, mais do que o dobro no mesmo período do último ano, de acordo com estatísticas da Associação Nacional de Capital de Risco. Mesmo assim, o investimento continua bem abaixo dos picos de 2008, quando essas startups atraíram US$ 4,64 bilhões.

Os investimentos são ainda pequenos, pois muito dinheiro ainda vai para outros tipos de empresas de tecnologia. Startups de software atraíram US$11,2 bilhões de financiamento de capital de risco no ano passado.

Em parte, os investidores se sentem prejudicados por causa dos bilhões de dólares que perderam no boom da tecnologia limpa, quando o investimento em painéis solares, biocombustíveis de algas e baterias futuristas prometiam mudar o mundo, mas muitas empresas basicamente não vingaram. Mas há um sentimento crescente, dizem os investidores, de que o Vale do Silício tem evitado problemas mundiais mais complicados, o que se nota no lema do Founders Fund: "Queríamos carros voadores; em vez disso, temos 140 caracteres" (em referência ao Twitter).

"Estou mais interessado em algo que se assemelhe à roupa do Homem de Ferro", disse Adam Draper, executivo-chefe e fundador da Boost VC. Uma das empresas em que a Boost investiu é a Bagaveev, startup que usa impressoras 3D para fazer motores de foguete lançadores de nano satélites, um tipo leve de satélite que pode pesar um quilo. "A mídia social já está aí", disse ele. O capital de risco "precisa financiar novidades".

A Transatomic Power, fundada em 2011 por cientistas nucleares do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), está nas fases iniciais de desenvolvimento de pequenos reatores de sal fundido que poderiam gerar energia limpa, confiável e sem resíduos nucleares. A startup precisa de muito mais fundos, ou de um parceiro, para começar a construir os reatores. "O mundo precisa de uma fonte de eletricidade barata, estável, e uma nova abordagem à energia nuclear seria uma solução óbvia", disse Leslie Dewan, presidente-executivo da Transatomic Power. "Mas é complicado receber US$ 300 milhões de investidores. Talvez precisemos bolar um aplicativo para o iPhone".

Mesmo quando startups científicas atraem dinheiro, elas são pressionadas desde o início para pensar no lucro. Para a Xcor Aerospace em Mojave, na Califórnia, isso significou deixar de lado seus objetivos em longo prazo de construção aviões espaciais suborbitais e se concentrar no desenvolvimento de dispositivos de ignição de foguetes para a NASA e outras empresas aeroespaciais.

"Eles sabiam que não dava para pedir 1 bilhão de dólares para construir um avião espacial", disse Chad Anderson, da Space Angels Network, grupo de investidores da área aeroespacial. "Então começaram com o menor componente que poderiam fazer com valor comercial".

A Bagaveev conseguiu apenas $535.000 em financiamento em abril para desenvolver seus lançadores de satélite reutilizáveis — uma tecnologia que Nadir Bagaveyev, executivo-chefe da empresa, diz que ajudará pequenas empresas a chegarem ao espaço.

E acrescentou: "Vamos mostrar do que somos capazes, e então viremos atrás de mais investimento. Acho que ninguém mais quer investir em outro aplicativo de mensagens. E nossa ideia é tão louca que pode até dar certo".

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