Israel vem se preparando para uma nova rodada de batalhas contra o Hezbollah. Soldados treinando nos planaltos de Golan| Foto: Menahem Kahana/Agence France-Presse — Getty Images

O Hezbollah foi criado para combater Israel, mas recentemente ele está mais ocupado ajudando o Presidente Bashar Al Assad da Síria em sua luta contra as forças rebeldes.

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O engajamento do movimento na guerra civil da Síria forneceu alguns benefícios práticos para os israelenses. Todavia, isso também tem sido uma fonte de aborrecimento.

O Hezbollah, uma organização de militantes xiitas do Líbano que lutou uma guerra de um mês contra Israel em 2006, está sofrendo perdas na Síria. Porém, a organização está adquirindo experiência nos campos de batalha.

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"O Hezbollah tem entre quatro a cinco mil soldados hoje na Síria", declarou um militar israelense de alta patente. "Isso é uma carga pesada para o Hezbollah, mas é também uma grande vantagem". Falando na condição de anonimato segundo as regras do Exército israelense, ele acrescentou, "Não tenho dúvida de que o Hezbollah ganhou muita autoconfiança por causa da experiência na Síria".

Israel está se preparando intensivamente para outra possível rodada de luta contra o Hezbollah, que provavelmente será mais difícil devido a essa experiência.

"Esse tipo de experiência não tem preço", declarou Gabi Siboni, diretor do programa militar de assuntos estratégicos do Instituto de Estudos da Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv.

Nos últimos dois anos, de acordo com oficiais militares, boa parte do treinamento do Exército israelense se mudou do deserto ao sul para a região da Galileia ao norte, onde o terreno é semelhante ao do Líbano e da Síria.

Ao mesmo tempo, as forças militares israelenses estão conduzindo uma campanha em grande parte secreta para manter uma vantagem qualitativa sobre o Hezbollah e para restringir o acúmulo de armamento do grupo.

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Lutar para ajudar a preservar o governo de Assad na Síria é "quase uma questão de existência" para o Hezbollah, afirmou Ely Karmon do Instituto Internacional de Contraterrorismo no Centro Interdisciplinar em Herzliya, Israel. Sob o governo da família Assad, todas as armas do Hezbollah fornecidas pelo Irã passaram por Damasco, a capital da Síria. E, segundo Karmon, o grupo "sempre precisou da proteção estratégica da Síria".

Os combatentes do Hezbollah têm sido instrumentais nas batalhas na Síria perto da fronteira libanesa, ajudando as forças do governo a retomar Yabrud, uma cidade há muito nas mãos dos rebeldes, em 16 de março, e outra cidade de fronteira crucial, Qusayr, na última primavera.

Sob a proteção do caos na Síria, Israel ficou mais livre para agir contra o acúmulo de armas sem medo de retaliação.

E os analistas locais veem outra vantagem: a imagem do grupo libanês em casa e no mundo árabe mais amplo foi severamente manchada porque está lutando contra os rebeldes sunitas na Síria quando a sua legitimidade estava em seu papel na luta contra Israel.

A Síria é o "Vietnã, o Afeganistão ou o Iraque" do Hezbollah, declarou Yoram Schweitzer, perito do Instituto Nacional de Estudos de Segurança.

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Embora o Hezbollah esteja ganhando experiência de guerra, Schweitzer disso, "a meu ver, o preço que está pagando é maior do que o ganho".