Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Tendências mundiais

Israel fornece ajuda médica aos sírios

Mãe síria e filho que sobreviveram à explosão de um foguete e, abaixo, com uma assistente social em um hospital em Israel | Fotos de Rrina Castelnuovo para The New York Times
Mãe síria e filho que sobreviveram à explosão de um foguete e, abaixo, com uma assistente social em um hospital em Israel (Foto: Fotos de Rrina Castelnuovo para The New York Times)
 |

1 de 1

Dois irmãos, com idades de oito e dez anos, estavam jogando bolinha de gude na frente da casa na Síria quando um foguete caiu mantando o mais velho e ferindo gravemente o menor. Depois de levar correndo o sobrevivente ao hospital local, os médicos disseram à mãe: "Se quiser salvar seu filho, leve-o a Israel".

As tragédias da guerra civil síria ecoam aqui, com as emoções aguçadas pelas décadas de inimizade entre Israel e Síria, ainda tecnicamente em estado de guerra.

Depois de quase três anos de um conflito interno que matou estimadas 130 mil pessoas e desalojou milhões, sírios dizem que agora temem mais as forças do presidente do país, Bashar al-Assad, do que os soldados israelenses na fronteira, que transferem pacientes feridos e parentes ao hospital de ambulância militar.

Israel não divulga suas identidades para evitar expô-los a perigo adicional ao voltarem para casa. "Assad chama quem vem para cá de colaboradores de Israel", disse um sírio que acompanhava a neta de cinco anos gravemente ferida.

Aproximadamente 200 sírios, um terço dos quais compostos por mulheres e crianças, foram tratados ali desde março de 2013; mais de 230 foram levados ao Hospital Rebecca Sieff na cidade galileia de Safed.

Israel deixou claro que não toleraria refugiados ao longo da linha de cessar-fogo existente há décadas entre os dois países. Porém, o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, afirmou recentemente que o país "não pode permanecer indiferente" e vem fornecendo comida e roupas de inverno a vilarejos sírios do outro lado da cerca fronteiriça, além de cuidar de uma parte dos feridos.

Um pequeno e discreto esforço humanitário é um risco político tanto para pacientes quanto para os familiares. Algumas pessoas relataram ter ficado com medo de vir aqui e agora estão receosas de voltar para casa.

A guerra enfraqueceu barreiras psicológicas antes impenetráveis em ambos os lados. No mês passado, um comboio de ajuda israelense liderado por voluntários do movimento da Juventude Trabalhadora e Estudantil, da Ajuda Área Israelense e de outras organizações locais coletaram 20 mil artigos – principalmente jaquetas, cobertores e sacos de dormir – para serem transferidos a refugiados sírios. Pediu-se que os doadores cortassem as etiquetas israelenses.

Uma mãe de seis filhos ferida, que ficou no hospital em Nahariya com duas filhas também feridas durante seis semanas, afirmou: "Cresci ouvindo que Israel era um país inimigo e que se você encontrasse um israelense, ele o mataria".

A mãe, de 31 anos, contou que estava no telhado da casa com os filhos e um sobrinho quando eles foram atingidos por um foguete. De acordo com o relato da mulher, ao acordar no hospital, "eu estava com muito medo, muito mesmo, mas tentei não demonstrar isso à equipe".

A perna esquerda dela foi amputada. Uma filha de seis anos recuperava-se de ferimentos provocados por estilhaços da explosão. A outra, três anos, perdeu um olho e teve um braço destroçado. O filho, de cinco anos, e o sobrinho, de 12 anos, estavam internados no hospital em Safed. O menino mais jovem perdeu uma perna; o sobrinho, as duas.

Mal e mal tendo dado os primeiros passos com uma prótese antiga, a mãe estava prestes a voltar à Síria com as duas filhas. Ela expressou temor com o que poderia estar à sua espera em casa.

Segundo a mulher, quando voltar ela somente poderia contar aos mais próximos sobre o local onde esteve.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.