• Carregando...
Trinta e dois jornalistas já foram mortos em 2014. Em defesa de James Foley | Katherine Taylor/European Pressphoto Agency
Trinta e dois jornalistas já foram mortos em 2014. Em defesa de James Foley| Foto: Katherine Taylor/European Pressphoto Agency

Combatentes extremistas islâmicos forçaram o jornalista freelancer James Foley a ler propaganda política celebrando sua causa e depois o decapitaram num deserto no Oriente Médio. Outro jornalista norte-americano será o próximo, alertaram. No Irã, Jason Rezaian, repórter do jornal "Washington Post", foi sequestrado em julho. Não se tem notícias dele desde então. No Afeganistão, Matthew Rosenberg, jornalista do "New York Times", foi expulso do país porque as autoridades não gostavam de suas reportagens.

Em entrevistas recentes, repórteres, editores e pessoas que monitoram a liberdade de imprensa descreveram o ambiente duro para jornalistas no mundo inteiro, complicado pelas mudanças na maneira pela qual trabalham, e pela modificação na forma pela qual são vistos por governos e o público.

Martin Baron, diretor executivo do "Washington Post", disse haver pouca dúvida quanto ao fato de "as pessoas com autoridade preferirem que os jornalistas não testemunhem suas malfeitorias". Se os repórteres correm risco de prisão ou morte por "simplesmente fazerem seu trabalho, fica incrivelmente difícil exercer essa profissão".

O antecessor de Baron, Steve Coll, diretor da Faculdade de Jornalismo da Universidade Columbia, em Nova York, disse que os rebeldes não precisam mais de jornalistas para divulgar suas histórias. Agora, eles mesmos podem falar diretamente com seu público pela internet.

Nos últimos anos, a natureza cambiante da guerra, com linhas de batalha nebulosas, alianças mutáveis e antagonistas apátridas, foi alcançada por um novo tipo de jornalista, muitos dos quais, a exemplo de Foley, atuam sem o apoio de uma organização jornalística tradicional.

De acordo com Philip S. Balboni, presidente e principal executivo do "GlobalPost", um dos veículos que publicaram as reportagens de Foley, noticiar conflitos parece estar se tornando cada vez mais perigoso desde a guerra na Líbia, que estourou no começo de 2011. Essa guerra, a exemplo de outras que tiveram início mais tarde na Síria e no Iraque, "não tinha linhas de frente nem protagonistas estabelecidos".

Segundo o Committee to Protect Journalists, 32 jornalistas foram assassinados até agora em 2014, contra 70 em 2013 e 74 em 2012. Porém, o subdiretor da entidade, Robert Mahoney, observou que em 2013, pelo menos 65 jornalistas desapareceram. E, de acordo com ele, um número maior de repórteres está sendo preso. No Egito, 13 estão atualmente na cadeia.

Muitos dos capturados eram jornalistas freelance. Foley, de 40 anos, estava entre eles. Ele apurou reportagens sobre os conflitos mais mortais do Oriente Médio e fora anteriormente sequestrado na Líbia.

Foley foi raptado na Síria em 22 de novembro de 2012 com vários outros norte-americanos pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

"Está muito claro que jornalistas são vistos como o inimigo, principalmente pelo EIIL", disse Mahoney. "O que existe em partes do Oriente Médio é um Islã politizado, contra o qual os jornalistas têm poucas defesas".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]