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Jovem príncipe saudita se aproxima do trono

O príncipe herdeiro adjunto Mohammed bin Salman (à dir.) com Obama e o príncipe herdeiro Mohammed bin Nayef | Manuel Balce Ceneta/Associated Press
O príncipe herdeiro adjunto Mohammed bin Salman (à dir.) com Obama e o príncipe herdeiro Mohammed bin Nayef (Foto: Manuel Balce Ceneta/Associated Press)

Até mais ou menos quatro meses atrás, o príncipe Mohammed bin Salman, 29, era apenas mais um integrante da família real saudita.

Ele cresceu ofuscado por três meios-irmãos mais velhos, os quais estavam entre os mais capacitados príncipes do reino —o primeiro astronauta árabe, um cientista político formado em Oxford que também é dono de uma firma de investimentos e um influente vice-ministro do petróleo.

Mas isso foi antes de o pai dele, o rei Salman bin Abdulaziz, 79, chegar ao trono. Agora o príncipe Mohammed, filho mais velho da terceira (e mais jovem) mulher do rei, é a estrela em ascensão.

Ele rapidamente acumulou mais poderes do que qualquer príncipe já teve, revirando um sistema tradicional de distribuição de posições entre a família real. Usando a sua influência, assumiu um papel de liderança na recente atitude assertiva da Arábia Saudita em sua região, que incluiu uma intervenção militar no Iêmen.

Quando o rei Salman nomeou Mohammed como príncipe herdeiro adjunto, ele passou por cima de dezenas de príncipes mais velhos, ficando em segundo lugar na linha de sucessão ao trono. O príncipe também ficou no comando do monopólio estatal do petróleo, da empresa de investimentos públicos, da política econômica e do Ministério da Defesa do país.

Essas mudanças radicais envolvendo o jovem príncipe ocorrem num momento em que a Arábia Saudita vive envolta numa série de crescentes conflitos em que tenta defender a sua visão da ordem regional e conter seu principal rival, o Irã.

O reino sustenta financeiramente os governantes do Egito e da Jordânia, além da monarquia sunita do vizinho Bahrein.

Riad também dá armas a rebeldes sírios que combatem o ditador Bashar al-Assad, apoiado por Teerã, e colabora com a campanha área dos EUA no Iraque, além de realizar sua própria ofensiva militar contra uma facção pró-Irã no Iêmen.

Além disso, a Arábia Saudita está ampliando seus gastos militares apesar da forte queda no preço do petróleo e do aumento nos gastos públicos, uma conjunção que em apenas seis meses levou as reservas financeiras do reino a sofrerem uma redução de US$ 50 bilhões.

Alguns diplomatas ocidentais se dizem preocupados com a crescente influência do príncipe, que um deles descreveu como “rude” e “impulsivo”.

Em entrevistas, pelo menos dois outros príncipes da linhagem principal da família real deixaram claro que alguns membros mais velhos do clã também têm restrições ao jovem Mohammed. Ambos questionaram os custos e benefícios da campanha no Iêmen.

O rei Salman, naturalmente, tem a autoridade final, e alguns diplomatas que se encontraram com Mohammed bin Salman e com o príncipe herdeiro Mohammed bin Nayef disseram que o príncipe mais graduado adotava um comportamento paternal em relação ao primo mais novo. Vários disseram que o príncipe herdeiro parecia empenhado em orientar e treinar Mohammed bin Salman.

Após encontrar os dois príncipes numa cúpula de países do golfo Pérsico em Camp David, no mês passado, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o jovem Mohammed lhe pareceu “extremamente bem informado e muito inteligente”.

Desde a mais tenra idade, Mohammed parece planejar um futuro no governo, segundo uma fonte próxima da família real. Ele nunca fumou, bebeu álcool nem ficou na rua até tarde —sempre muito preocupado com sua imagem.

Mohammed nunca ou raramente concedeu entrevistas, nem mesmo para a dócil imprensa saudita.

Fontes dizem que ele gosta de esqui aquático e outros esportes náuticos, que pratica no mar Vermelho ou em viagens ao exterior. Ele adora os produtos da Apple e desenvolveu um amor permanente pelo Japão, de acordo com um colaborador próximo.

Quando o príncipe se casou pela primeira vez, há alguns anos, levou a consorte para uma lua de mel de dois meses no Japão e nas Maldivas.

Muitos sauditas entrevistados nas ruas de Riad mostraram-se simpáticos a Mohammed pelo fato de ele representar os quase 70% de sauditas com menos de 30 anos. Mas vários se disseram preocupados com a ascensão dele.

O empresário Abu Fahad, que tomava café em um hotel de luxo, disse: “Ele virou o Senhor Sabe-Tudo. Mas tem só 29 anos —o que ele sabe?”

Colaboraram Sheikh al-Dosary, Ben Hubbard e Michael D. Shear

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