• Carregando...
Processando gás em uma reserva natural árida da Austrália | Divulgação/Chevron
Processando gás em uma reserva natural árida da Austrália| Foto: Divulgação/Chevron

Levar qualquer coisa para a usina de processamento de gás da Chevron na Ilha de Barrow é meio complicado.

Algumas provisões viajam 15 horas de Perth para uma base de suprimentos para serem embarcados. Os caminhões não podem parar sob as árvores para evitar ficar cheios de insetos e fezes de pássaros. Quando as pessoas e a carga finalmente chegam na ilha, um exército de 300 pessoas impõe uma quarentena: todo fecho de velcro nas roupas e nas sacolas é checado procurando por sementes, as botas são esfregadas e as calças com barra virada não chegam à terra.

Essas medidas têm a intenção de proteger a vida selvagem única da ilha.

Mas essas e outras questões logísticas estão aumentando a complexidade e o custo da usina de gás chamada Gorgon. O valor original de 37 bilhões de dólares já aumentou ara 54 bilhões de dólares. É um custo especialmente difícil de engolir já que o preço da energia vem caindo.

A Chevron sabia que a Gorgon seria cara. Para justificar o custo alto, a empresa decidiu construir uma usina terrivelmente grande em Barrow, a cerca de 60 quilômetros do Estado da Austrália Ocidental. Três unidades de refrigeração gigantes produziriam 600 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. O gás estaria, então, pronto para viagens relativamente curtas para o Japão, China, Índia e Coréia do Sul.

A habilidosa força de trabalho da Austrália, seu sistema legal e políticas de investimento pró-desenvolvimento tornaram o país atraente. A Chevron concordou em dividir os custos com a Exxon Mobil, a Shell e três empresas de energia japonesas.

Ainda assim, os desafios foram imensos.

A Chevron precisaria montar uma das maiores usinas de gás natural liquefeito em uma ilha em uma zona de ciclones. Barrow não tem força de trabalho permanente e está a 1.500 quilômetros de sua base de fornecimento principal. Levar o gás do fundo do mar para a usina exigiria mais de 130 quilômetros de canos flexíveis.

Além disso, a ilha é uma reserva natural desde 1910 e tem como população animais raros como um lagarto gigante, tartarugas, bandicoots e os Lagorchestes conspicillatus, uns marsupiais pequenos, parecido com um canguru.

A Chevron concordou com o que dizem ser o maior sistema de quarentena já decretado por um empresa privada.

Setenta microfones foram colocados em volta da ilha para ouvir as lagartixas que podem ter entrado no local furtivamente.

E motoristas transportando bens devem seguir procedimentos estritos, incluindo parar apenas em lugares aprovados para ir ao banheiro.

Com seis mil trabalhadores apertados na e em volta da ilha, não levou muito tempo para a Gorgon se transformar em um pesadelo logístico. Um congestionamento fez com que alguns navios esperassem até 35 dias para descarregar, a um custo de 400 mil dólares a 500 mil dólares por dia, de acordo com um estudo do projeto feito por Bradon Ellem, professor de relações de trabalho da Universidade de Sydney.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]