Houve uma pancada audível quando Ari Loeb caiu de costas, em meio a uma briga de oito contra um na Signature Theater Company, em Nova York. A luta era ficcional, é claro: Loeb estava ensaiando o final de "Kung Fu", a nova peça de David Henry Hwang sobre o mestre de artes marciais Bruce Lee, em cartaz no Signature Theater até 30 de março.
A coreógrafa Sonya Tayeh perguntou a Loeb, um dos adversários de Bruce Lee, se ele estava bem. "Acho que sim", respondeu ele (ele estava). Os minutos seguintes foram gastos encontrando uma maneira melhor de cair ou de ser arremessado, na verdade , e o rápido episódio destacou as complexidades de fazer lutas no palco parecerem reais ao público ao mesmo tempo em que permanecem seguras para os atores. O processo, que naquele dia incluiu diversos outros ajustes para resolver as preocupações com segurança e verossimilhança, é exaustivo. Criar apenas alguns minutos de luta coreografada pode levar horas de ensaio.
"Kung Fu", que traça a vida de Lee dos 18 anos até alguns anos antes de sua morte, aos 32, aposta na habilidade de Cole Horibe no papel principal. Ele é mais conhecido do grande público como concorrente do programa televisivo "So You Think You Can Dance" ele participou da nona temporada e ficou famoso por seu estilo de "fusão com artes marciais".
Horibe, de 28 anos, que nasceu e cresceu no Havaí, começou a estudar artes marciais ainda muito jovem. Embora os movimentos no espetáculo pareçam bastante realistas, o trabalho ainda é uma adaptação significativa para alguém que treinou para bater, e não para fingir.
"Preciso fica sempre me lembrando nas cenas de luta: Pense nisso como uma dança", afirmou ele. "Toda a mentalidade de meu pai para colocar seus filhos em artes marciais era aprender a autodefesa, e ele sempre nos dizia Imagine que tem uma pessoa ali. Quando estou fazendo essas lutas, o impulso é o de realmente chutar o alvo, e muitas vezes eu uso força demais".
"Kung Fu" traz mais de dez cenas de luta e danças que, mesmo não violentas, são claramente infundidas com que o Tayeh chama de movimentos "combativos".
"O conceito para a peça começou com a forma como Bruce pensava no movimento, ele pegava um pouco de cada lugar: da Ciência, do boxe, da filosofia e do caratê. Ele, então, misturou tudo para criar seu próprio estilo", explicou Leigh Silverman, o diretor.
De forma parecida, a movimentação em "Kung Fu" é construída a partir de diversas fontes. Enquanto Tayeh supervisiona todos os movimentos, a produção tem um diretor de lutas, Emmanuel Brown (que também está no elenco), e um especialista em movimentos de óperas chinesas, Jamie Guan.
"Eles dão opções a Sonya, como uma palheta, um punhado de cores diferentes", comparou Silverman, descrevendo a relação de trabalho. Em seguida, Tayeh "coloca o seu olhar em tudo", afirmou o diretor, e desvenda "como juntar todos os diferentes tipos de movimentos".