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Malásia investe na batalha solar

Escondido nesta antiga cidade de mineração de estanho, passadas as pequenas fazendas de bananeiras e palmeiras, está um dos segredos mais bem guardados da indústria solar.

As seis fábricas aqui com suas salas cavernosas constituem a espinha dorsal da produção da First Solar. Trabalhando com robôs adaptados de linhas de montagem de carros e outras indústrias, 3.700 empregados produzem cinco sextos dos painéis solares da empresa americana. Trabalhadores em Ohio fazem o resto.

A lista de fabricantes é longa. A Panasonic do Japão tem uma fábrica de painéis solares aqui perto. A SunEdison os produz a 100 quilômetros de distância, em Chemor. Hanwha Q Cells e SunPower têm fábricas gigantes ainda mais ao sul, enquanto a Solexel, uma startup do Vale do Silício, está se preparando para construir uma fábrica de painéis solares de US$ 810 milhões.

A Malásia, nação do Sudeste Asiático com apenas 30 milhões de habitantes, é o maior vencedor nas guerras comerciais do setor solar. Agora que as empresas chinesas foram atingidas por tarifas americanas e quotas europeias, a Malásia vem atraindo cada vez mais multinacionais com seus custos trabalhistas relativamente baixos, incentivos fiscais lucrativos, relações calorosas com o Ocidente e uma abundância de engenheiros de língua inglesa.

A Malásia agora é o terceiro maior produtor mundial de equipamento solar, atrás da China por uma larga margem, mas rapidamente alcançando a União Europeia. E o papel da Malásia no comércio solar global pode aumentar já que o governo americano, como esperado em 16 de dezembro, aumentou as altas tarifas dos painéis feitos na China. Litígios pendentes impuseram pesadas taxas sobre os painéis feitos na China e em Taiwan, fechando uma brecha que permitia que algumas empresas chinesas contornassem as funções originais.

"Gostamos da Malásia porque ela é o cruzamento entre a operação barata e o produto de alta engenharia", disse Tom Werner, presidente-executivo da SunPower, baseada na Califórnia, que fabrica metade de seus painéis solares em Malacca, na Malásia.

As fábricas aqui, na sua maioria, são de propriedade de empresas americanas, europeias, sul coreanas e japonesas. A Hanwha Q Cells, por exemplo, produz ao equivalente a 1.100 megawatts anuais em painéis na Malásia e apenas 200 megawatts em seu mercado doméstico na Alemanha. Mas a empresa destaca que o trabalho de engenharia é feito em Thalheim, na Alemanha.

É um tema comum. A tecnologia vem do exterior, mas a maioria dos funcionários e dos materiais é malaia.

Exceto por dois estrangeiros no departamento de finanças, todos os 3.700 funcionários da First Solar para seus três turnos são contratações locais. A maioria do material é comprada de fornecedores da Malásia.

"A localização de materiais é parte de nossa contínua estratégia de redução de custos", disse AR. Jeyaganesh, gerente da fábrica da First Solar, andando pelo piso imaculado em uma das linhas de produção que funcionam 24 horas por dia, cada uma delas a réplica exata das quatro linhas da empresa em Perrysburg, Ohio.

"Quando decidimos adicionar mais robôs ou fazer outras alterações na produção, isso acontece quase que simultaneamente em Perrysburg e aqui", disse Jeyaganesh.

A Malásia se beneficia da interação das regras do comércio global, da competitividade econômica e das políticas ambientais na indústria solar. As tarifas tiveram o efeito mais imediato.

Os preços dos painéis começaram a cair durante a crise financeira global em 2009, quando fábricas chinesas começaram a vendê-los por menos do que o custo de manufatura e envio. A enxurrada de produtos chineses baratos causou a falência de inúmeros fabricantes nos Estados Unidos e na Europa. Os EUA responderam em 2012 através da imposição de rígidas medidas anti-subvenções e anti-dumping, atingindo cerca de 30 por cento dos painéis da China. A queda dos preços até 2013 colocou uma forte ênfase na competitividade dos custos. Como os salários subiram na China, as multinacionais começaram a procurar outros lugares também. Isso foi uma vantagem para a Malásia, com sua baixa remuneração de engenheiros qualificados e operadores de máquinas.

Os salários do país foram superiores aos da China por anos, mas a disparidade quase desapareceu ou mesmo se inverteu. De acordo com estatísticas do governo malaio, o salário mensal médio em todo o país no ano passado era de US$765 para técnicos de fábrica e US$400 para operadores de máquinas e trabalhadores de linha de montagem. Isso é similar ou inferior aos pagamentos atuais nas grandes indústrias de exportação nas províncias costeiras da China. A Malásia também tem alguns dos custos mais baixos da Ásia em eletricidade, em parte porque o país é um grande produtor de gás natural.

Contribuiu Diane Cardwell

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