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A mesa de um médico no Carena, um provedor de telemedicina. Defensores dizem que consultas virtuais para atendimento básico podem reduzir os custos para os pacientes | Evan McGlinn/The New York Times
A mesa de um médico no Carena, um provedor de telemedicina. Defensores dizem que consultas virtuais para atendimento básico podem reduzir os custos para os pacientes| Foto: Evan McGlinn/The New York Times

Certa noite, com o rosto inchado e dolorido com o que ela acreditava ser uma sinusite, Jessica DeVisser cogitou ir a um pronto-socorro. Porém, decidiu em vez disso experimentar algo “meio ficção científica”.

Ela se sentou com seu notebook no sofá da sala, conectou-se à internet e pediu uma consulta virtual. Digitou seus sintomas e o número do seu cartão de crédito. Em meia hora, um médico apareceu em sua tela via Skype. Ele a olhou, fez algumas perguntas e concordou que ela tinha sinusite. Em minutos, DeVisser tinha uma prescrição para antibiótico, enviada a sua farmácia.

As mesmas forças que transformaram as mensagens instantâneas e as videoconferências em parte do cotidiano para muitos americanos hoje estão abalando o atendimento médico básico.

Os sistemas de saúde e as seguradoras correm para oferecer consultas por vídeo para problemas rotineiros, convencidos de que economizarão dinheiro e aliviarão a pressão sobre sistemas sobrecarregados de saúde básica.

“Sou péssima para ir ao médico. Gasta-se muito tempo”, disse DeVisser, 35. “Esta me parece uma ótima solução: basta clicar em um botão e o médico vem até você.”

No entanto, a telemedicina também enfrenta resistência de alguns setores. O Medicare (programa público de saúde para maiores de 65 anos nos EUA) limita o reembolso para serviços de telemedicina, pelo temor de que expandir a cobertura aumentaria, e não reduziria, os custos. Alguns médicos advertem que é grande o potencial de erros de diagnóstico via vídeo.

Legisladores e conselhos de medicina em alguns Estados escutam atentamente essas críticas.

Porém, outros Estados adotaram o novo mundo das consultas virtuais, de modo geral atualizando as regras para permitir relacionamentos à distância entre médicos e pacientes e a prescrição de medicamentos por vídeo.

Os defensores da ideia dizem que é mais barato operar serviços de telemedicina do que consultórios físicos, permitindo que as empresas cobrem somente US$ 40 ou 50 por consulta. Eles também afirmam que, ao permitir que as pessoas falem com um médico sempre que precisarem, as consultas virtuais deixam os pacientes mais satisfeitos e potencialmente mais saudáveis.

Hope Sickmeier, 51, professora em Ashland, Missouri, usou o atendimento virtual de urgência numa noite de sábado, o terceiro dia de uma dor de dente que continuava piorando. Uma semana antes, ela havia ido a um pronto-socorro com dor de cabeça e agora devia US$ 200.

Desta vez, ela pegou seu tablet, baixou um aplicativo de consultas virtuais e verificou uma lista de médicos disponíveis, escolhendo um com “rosto confiável”.

Quando o médico apareceu em sua tela, ela lhe disse seus sintomas e, segurando o tablet perto do rosto, mostrou o dente dolorido e o inchaço na mandíbula.

“Ele foi direto ao ponto, que era o que eu queria. Prescreveu um antibiótico e enviou a receita a uma farmácia aberta 24 horas, a cerca de 20 minutos de distância”, disse Sickmeier.

Em Tacoma, um programa de atendimento de emergência virtual pertencente à CHI Franciscan contrata a Carena, uma empresa privada de Seattle que emprega 17 médicos e enfermeiros, para consultas virtuais em 11 Estados.

Entre os pacientes da CHI Franciscan, os usuários mais frequentes são mulheres de 25 a 55 anos. Os diagnósticos mais comuns são infecções na bexiga, infecções no aparelho respiratório superior e conjuntivite.

A maioria das consultas ocorre nos fins de semana entre 17h e 8h, disse ela, quando os consultórios médicos estão fechados.

Dan Diamond, clínico geral em um dos centros de atendimento de emergência CHI Franciscan, que recentemente fez treinamento para dar consultas virtuais, disse que aprecia o ritmo menos apressado. No entanto, acrescentou, “algumas vezes não podemos fazer a coisa virtualmente e temos de pôr as mãos no paciente”.

Afinal, DeVisser era um desses casos. Embora feliz com sua visita virtual no verão passado, ela acabou procurando um clínico geral algumas semanas depois porque o antibiótico não eliminou totalmente sua sinusite. Ele a encaminhou a um otorrino, que, por meio de um exame, descobriu que a paciente tinha pólipos nasais que precisavam ser extraídos.

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