A tenista Simona Halep foi ameaçada por um homem que dizia ser seu fã| Foto: THOMAS KIENZLE/AFP/Getty Images

Jesper Andreassen ergueu um prato com dez pimentas jalapeño para a câmera, então as enfiou na boca, uma a uma. Quando a última pimenta tinha sido consumida, Andreassen, um dinamarquês de meia idade, agradeceu ao espectador.

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O vídeo, que ele postou no Facebook em agosto, tinha uma pessoa como público-alvo: Simona Halep, jogadora de tênis romena que ganhou o apelido de “Halepeño”.

Durante meses, Andreassen tentou demonstrar na internet sua devoção à jogadora. No entanto, depois que viu um boato de que ela pretendia se casar, ele se tornou ameaçador, dizendo à tenista que ela morreria ou nunca mais andaria, por maltratá-lo.

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Classificada como a número três do mundo, Halep jogava em um torneio em Stuttgart, na Alemanha, quando surgiram as ameaças. As autoridades de segurança foram imediatamente informadas. Elas cercaram seus treinos e vasculharam as arquibancadas em busca de objetos suspeitos.

Vinte e dois anos depois que Monica Seles, a tenista mais bem classificada na época, foi apunhalada nas costas por um fã de Steffi Graf em Hamburgo, Alemanha, muitas jogadoras dizem que a segurança pessoal ainda é um aspecto perturbador da vida no circuito profissional.

Autoridades da Associação Feminina de Tênis (WTA) dizem que a segurança das jogadoras em torneios continua sendo sua preocupação número um. Porém, a mídia social aproximou os torcedores e as esportistas mais do que nunca, e às vezes a proximidade pode ser assustadora.

Halep entrou em Stuttgart com um recorde de 24-3, mas desde então perdeu cinco de 11 partidas, incluindo derrotas na segunda etapa do Aberto da França e na primeira de Wimbledon.

John Tobias, agente de várias jogadoras proeminentes, como Caroline Wozniacki, disse que preocupações com a segurança são maiores com as jogadoras que ele representa do que com os homens. Ele disse que não dá o endereço de suas clientes nem para patrocinadores. Quando chegam novos produtos, eles são entregues à agência e depois enviados à jogadora por correio.

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“Fazemos coisas desse tipo para o caso de haver algum sujeito que trabalha nas remessas da Babolat”, disse, referindo-se ao patrocinador de raquetes de Wozniacki.

Classificada no quinto lugar mundial, Wozniacki postou uma foto no Twitter de um dos novos tênis Adidas que recebeu. No lado de dentro, havia um bilhete escrito a mão de um homem chamado Andy, pedindo que ela lhe telefonasse e com o desenho de um coração e seu número de telefone. “Muito criativo”, escreveu a atleta.

Wozniacki admitiu se sentir impotente. “Com a mídia social e os torneios como são, se alguém realmente quiser encontrá-la e fazer alguma coisa, você não pode fazer nada a respeito”, disse.

Pam Shriver, que era presidente da WTA quando Seles foi atacada, disse que aquele dia foi um momento seminal para o tênis feminino. “O mundo mudou totalmente depois disso”, disse ela.

Algumas mudanças foram visíveis. As cadeiras das jogadoras foram colocadas mais longe das arquibancadas. Durante as trocas de lado, os seguranças ficam de pé na quadra, de frente para o público.

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Outras mudanças vieram em seminários de segurança dados pelo circuito para suas jogadoras abaladas. “Jamais devemos dizer em público em que hotel elas estão hospedadas”, disse Shriver. “Quando você é uma jovem atleta, pode não levar isso em conta. Mas, depois de Seles, sim.”

Seles só voltou ao esporte mais de dois anos depois do ataque e nunca recuperou sua posição dominante.

Heather Watson, a melhor jogadora do Reino Unido e 59ª do mundo, disse que começou a tolerar as agressões on-line.

“Sim, já recebi ameaças de morte”, disse ela.

“Pessoas ameaçaram me matar e matar minha família, desejando que eu tivesse câncer e uma morte lenta e dolorosa.”

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Em maio de 2011, um fã perseguiu insistentemente Serena Williams, a estrela do tênis americano. Ele a seguiu até uma estação de rádio e em seu camarim na Home Shopping Network em Tampa, Flórida. O fã foi preso diante do condomínio fechado da tenista. “Foi assustador”, disse ela. “Muito assustador.”