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Ciência e Tecnologia

Migração de corujas-das-neves intriga observadores

A coruja-das-neves parecia quase satisfeita, demonstrando a confiança de um predador de alto nível, com seus olhos amarelos brilhantes dando a entender que ela poderia estar calculando o tamanho de quem a observa.

Ela estava onde por segurança nenhuma ave deveria estar —o Aeroporto Internacional Logan, em Boston— e agora, régia e imponente em um breve cativeiro, representava a mais recente da sua espécie a chegar ao sul em um notável passeio.

Não só a região de Boston está registrando número recorde de corujas-das-neves, como elas também estão indo parar em territórios distantes de seu habitat, situado perto do Círculo Ártico.

Em êxtase, observadores de pássaros já as identificaram em Washington, em Little Rock (Arkansas), no norte da Flórida —e até mesmo em Bermuda.

"Este ano está sendo bizarro", disse Dan Haas, observador de pássaros em Maryland. "Os números não têm precedentes."

Ninguém sabe ao certo por que tantas corujas-das-neves estão aparecendo em tantos lugares —se isso pode ser atribuído a mais comida do que o normal em seus habitats do Ártico, o que faz com que uma maior população de crias se espalhe mais para encontrar território próprio, ou à mudança climática no topo do mundo. "Pense no canário em uma mina de carvão", disse Henry Teper, presidente da entidade ambientalista Mass Audubon, "aí você pensa na coruja-das-neves no Ártico".

As grandes aves, conhecidas como Bubo scandiacus, alcançam 50 a 68 centímetros de altura e têm uma envergadura de 1,4 a 1,7 metro. Podem viver mais de 30 anos em cativeiro e têm penas que podem variar do branco com marrom salpicado ao branco puro. "É um pássaro muito carismático", disse David Sibley, autor e ilustrador de uma série de guias de aves.

Avistar uma delas pode ser emocionante para os observadores de pássaros, mas algumas pessoas ficam menos felizes ao se depararem com corujas-das-neves —especialmente os administradores de aeroportos para os quais as aves se deslocam. Com amplos espaços abertos e pouca grama, "os aeroportos, para elas, se parecem mais com a tundra ártica do que qualquer outro lugar", disse Norman Smith, que gerencia o Projeto Coruja-das-Neves da Mass Audubon. Aves em aeroportos, no entanto, constituem uma ameaça para os aviões e também para elas mesmas. A Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey vem tentando prender as aves e afugentá-las com fogos de artifício.

Em uma recente manhã, Smith havia aprisionado uma fêmea da coruja no aeroporto Logan e a conduziu até a praia de Duxbury, cerca de 65 quilômetros a sudeste, para soltá-la, na esperança de que continuasse afastada do aeroporto. Na maioria dos anos, Smith viaja uma meia dúzia de vezes do Logan para os locais da soltura. Desde o início da migração de outono, porém, o número já supera 75.

As visitantes vêm atraindo a atenção não só dos observadores habituais, segundo Sibley, o autor do guia. Ele lançou uma gravura de uma das suas ilustrações da coruja-das-neves a fim de angariar dinheiro para pesquisas. Sibley disse que, embora seja bom ver tanto entusiasmo, "seria ótimo se esse tipo de atenção se estendesse a aves menos chamativas, como o pica-pau-do-topete-vermelho ou o pardal de Henslow".

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