Quando Ariana Miyamoto foi coroada Miss Japão 2015, as outras participantes disseram que ela roubou a cena com um sorriso contagiante e uma autoconfiança tranquila surpreendente para seus 21 anos — mas não foi só sua beleza e atitude que chamaram a atenção nacional.
A moça faz parte do pequeno grupo de “hafu”, ou japoneses birraciais, a ganhar um concurso de beleza importante no Japão. E é a primeira mulher de ascendência negra a conquistar tal façanha.
Com a vitória, garantiu o direito de representar o país no concurso Miss Universo, que acontece em janeiro de 2016. E diz torcer para que sua aparência faça os japoneses aceitarem os hafu. “Os repórteres sempre me perguntam que parte de mim é mais japonesa e minha resposta é única: ‘Eu sou japonesa’”, diz Ariana.
Depois que ganhou, várias pessoas foram à Internet criticar o júri por escolher alguém que não parece japonesa, Só que um grande número de compatriotas também fez questão de defendê-la: “Por que uma pessoa nascida e criada no Japão não pode ser considerada nativa?”, questionou um usuário.
Narcotráfico financia boom em Mianmar
Compra de imóveis é utilizada para lavagem de dinheiro adquirido com drogas como heroína
Leia a matéria completaFruto do breve casamento entre um marinheiro negro norte-americano e uma japonesa, Ariana foi criada no Japão e conta que era desprezada por outras crianças por causa da pele escura e do cabelo enrolado. Essa experiência a levou a brigar pela conscientização das dificuldades enfrentadas por outros mestiços em um país que ainda se considera monoétnico.
“Nos restaurantes sempre recebo o cardápio em inglês e vira e mexe me elogiam por saber comer com hashi. Quero mudar o conceito do que é ser japonês”, afirma a moça.
Muitos encaram a vitória de Ariana como prova de que, aos poucos, o Japão começa a aceitar uma imagem mais “colorida” de si mesmo. Praticamente toda a diversidade japonesa vem dos filhos das uniões com estrangeiros. Esses hafu — termo que vem da palavra inglesa “half” (metade) — vêm ganhando cada vez mais destaque social. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de vinte mil crianças com um dos pais não-japonês nascem todos os anos, o que corresponde a dois por cento do número total.
Ariana revela que foi uma perda pessoal que a motivou a se inscrever no concurso do ano passado: um de seus amigos, um mestiço norte-americano que nasceu e foi criado no Japão, se enforcou porque estava cansado de ser alvo de gozações por não falar inglês, apesar de não ter feições asiáticas. “Achei que, se ganhasse, poderia provar que nem todos os japoneses são iguais”.
Tribunais americanos julgam crimes globais
EUA estão se tornando promotor e carcereiro do mundo, dizem promotores
Leia a matéria completaE conta também que sofreu com a discriminação durante a infância na cidade portuária de Sasebo, onde a família da mãe a criou depois de o pai deixar o Japão, quando ainda era praticamente um bebê. Confessa que tudo mudou aos treze anos, quando decidiu procurá-lo e a convidou para visitá-lo em sua casa, em Jacksonville, no Arkansas — e que nunca vai se esquecer do momento em que viu a outra metade da família: “Pela primeira vez, me senti normal”.
Ela reconhece que foi sua visita aos EUA que a fez ver que é japonesa, apesar de passar dois anos com a família norte-americana. Não ficou mais porque teve dificuldades de se adaptar. Frustrada pelas dificuldades com a língua e por ser tratada como estrangeira pelos colegas brancos e negros, começou a sentir muita saudade de casa.
“Ariana tem uma história pessoal que as outras misses não têm. É uma beldade com a missão de acabar com a discriminação”, resume Maki Yamaguchi, candidata ao concurso Miss Japão de 2014 e assessora da Miss atual.
Hugo Motta troca apoio por poder e cargos na corrida pela presidência da Câmara
Eduardo Bolsonaro diz que Trump fará STF ficar “menos confortável para perseguições”
MST reclama de lentidão de Lula por mais assentamentos. E, veja só, ministro dá razão
Inflação e queda do poder de compra custaram eleição dos democratas e também racham o PT
Deixe sua opinião