Um tigre branco macilento e desnutrido morreu de pneumonia em fevereiro. Um leão morreu estrangulado em janeiro, pois prendeu o pescoço no cabo que abria e fechava a porta de sua jaula. Mais de cem outros animais morreram desde junho de 2013, incluindo um raro dragão-de-komodo encontrado morto em seu cercado no mês passado.
O zoológico municipal de Surabaia, na Indonésia, é um dos maiores da Ásia, com 3.450 animais em uma área de 15 hectares. Mas a imprensa indonésia passou a chamá-lo de "zoo da morte", e ele se tornou alvo de críticos de zoológicos em todo o mundo.
"A melhor opção é fechar esse zoológico", disse Ashley Fruno, do Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta, na sigla em inglês). Exceto por zoos em zonas de guerra, esse é "provavelmente o pior caso de mortandade de animais em um zoo nos últimos anos", declarou Sybelle Foxcroft, diretora da Conservation and Environmental Education 4 Life, grupo australiano que passou a dar assessoria ao zoológico de Surabaia.
Um debate acalorado está em andamento sobre quem é o responsável pela alta taxa de mortandade no local nos últimos quatro anos. De um lado está o secretário-geral da associação de zoológicos da Indonésia, Tony Sumampau, que tem parques privados de safári. Ele buscou apoio de zoos internacionais, de grupos ambientalistas e do governo indonésio para refutar a alegação de que a culpa é da má gestão e de cuidados veterinários inadequados. Após surgir uma controvérsia sobre as mortes de animais na instituição em 2010, o governo nacional nomeou uma equipe, que inclui Sumampau, para supervisionar o zoo.
Do outro lado do debate estão Tri Rismaharini, prefeito de Surabaia que assumiu o controle do zoo das mãos da equipe em julho passado, e os antigos gerentes do zoo. Eles criticam Sumampau por transferir os animais para cima e para baixo, entre o zoo municipal e o parque de safári de sua família. "Os animais bons foram transferidos para outros lugares", disse Rismaharini.
Sumampau alegou que tinha de deslocar os animais para melhorar a diversidade genética e aliviar a superpopulação. Ele e sua família têm dois parques de safári e um parque de golfinhos, todos com fins lucrativos. Algumas autoridades municipais dizem que nomear Sumampau criou um conflito de interesses, mas ele disse que seu parque não concorre com o zoológico. A entrada no parque custa US$ 11,70 e os visitantes podem ver shows e se aproximar de animais selvagens, disse ele, ao passo que a entrada no zoo custa apenas US$ 1,25.
O terreno do zoológico é um oásis e tem algumas das árvores tropicais mais antigas e imponentes que restam no leste da ilha de Java, cuja densidade demográfica é uma das mais altas do mundo. Hoje avaliado em US$ 600 milhões, o terreno fica bem no centro de uma metrópole agitada onde casas coloniais holandesas estão rapidamente cedendo lugar a arranha-céus e shopping centers.
Liang Kaspe, que há muito tempo é a principal veterinária do Zoo de Surabaia, desaprova o uso de anticoncepcionais para animais. Em geral, ela permite uma população bem maior nos cercados para animais do que a maioria dos zoos.
Segundo Sumampau, quando ele assumiu a supervisão do zoológico, em 2010, 180 pelicanos estavam espremidos em um cercado do tamanho de uma quadra de vôlei. Ele transferiu a metade deles para outros lugares, alguns para seus próprios parques de safári.
Durante duas visitas em um domingo recente, quase não foram vistos funcionários do zoo. Quando um visitante atirou um pacote de biscoitos na jaula de um orangotango, o animal abocanhou o pacote e começou a mastigá-lo com papel e tudo.
Sumampau declarou que o zoo deve continuar funcionando. "Se ele fechar", opinou, "irão construir um shopping aqui".
Fim do ano legislativo dispara corrida por votação de urgências na Câmara
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Frases da Semana: “Alexandre de Moraes é um grande parceiro”
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais