Dentro de uma loja de motocicletas no Brooklyn, uma Moto Guzzi V50 Monza vermelha de 1981 começava a atrair uma multidão.
Ela não pegava. As velas estavam cobertas por um filme negro e grosso, mas substitui-las não adiantou. A dona da Monza, que trajava um colete de brim e luvas de couro com adornos, montou na moto e mexeu um pouco. O motor roncou.
Gritos e assobios preencheram a oficina. "Manda ver, garota!", alguém gritou.
Havia motos em todo o lugar, tanques de gasolina pendurados no teto como decoração, e uma bandeira americana adornando a parede. Mas também havia tons de rosa na oficina Motorgrrl um local de encontro adequado para o grupo Miss-Fires, um moto clube apenas para mulheres.
O Miss-Fires foi criado no ano passado e tem cerca de 30 associadas. A filosofia geral do clube é tentar tornar as motocicletas menos assustadoras; o grupo aceita membros sem motos, habilitação ou experiência. O nome incorpora a imagem brilhante da motociclista com um pouco de ironia.
Todo clube precisa de uma sede e do Miss-Fires é a oficina Motorgrrl, que pertence a Valerie Figarella. O jargão profissional delas envolve um monte de abraços e elogios.
"Estou tão orgulhosa de você; quero desfilar você de norte a sul", Lori Erlitz disse para Kara Kolodziej, uma colega do Miss-Fire, ao entrar na Motorgrrl recentemente. E deu um abraço forte em Kolodziej. "Ela é muito durona".
Kolodziej, de 41 anos, acabara de vencer uma corrida do Campeonato Nacional de Estrada de Terra da Associação Americana de Motociclistas. Ela foi uma das várias mulheres que competiram, entre centenas de motociclistas. Kolodziej pilota a sua moto desprovida de freios, assim ela não se ajustou à direção urbana. "É uma experiência de frenagem completamente diferente é frenagem em si", ela declarou.
O clube Miss-Fires se reúne de três a quatro vezes por semana para as chamadas noites de construção. Elas já trabalharam na moto de Stephanie Niebler, uma Honda CB350G de 1973 que ela comprou como um monte de peças por 900 dólares. Elas trabalharam para retificar o motor da moto de aventura de Corinna Mantlo, uma Yamaha AT1 125 de 1971. E uma vez por semana, vão a um bar em Williamsburg, onde Mantlo é garçonete, e que exibe filmes com tema motociclistas.
Como Niebler se interessou por motos é uma história comum entre as associadas do clube: o namorado era motociclista, e ela enjoou de ser passageira.
Kristin Johnson-Land, com 47 anos, atua como uma das especialistas em mecânica do grupo; as participantes a chamam de "Mãos de Graxa". Ela é dona de uma Triumph 650CC de 1969 que Ralph Lauren às vezes aluga como decoração para o seu showroom na Avenida Madison.
"É legal não aprender com um homem", disse Rachael Becker, outra Miss-Fire, que cria produtos de couro customizados.
Nos finais de semana, elas guiam.
Havia uma sensação entre as Miss-Fires de que elas tinham sorte em ter se encontrado; elas se chamam mutuamente de amigas do motociclismo para sempre.
"É melhor do que... Você sabe...", disse Johnson-Land, enquanto estacionava sua moto em frente à Motorgrrl depois de um passeio.
"Chocolate?", alguém sugeriu.
As Miss-Fires, ainda em suas motos, riram.