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diário de Riad

Mulheres sauditas enfrentam tabu

A loja Harvey Nichols, em Riad, hoje emprega várias dezenas de mulheres | Bryan Denton para The New York Times
A loja Harvey Nichols, em Riad, hoje emprega várias dezenas de mulheres (Foto: Bryan Denton para The New York Times)

Não foi a polícia religiosa quem reclamou quando a princesa que dirigia a loja de departamentos Harvey Nichols decidiu melhorar o ambiente de compras com música instrumental de alaúde.

Na realidade, quem acusou a loja de comportamento anti-islâmico foi uma cliente habitual, uma mulher que gastava em média US$ 13 mil por visita.

"Talvez eu devesse colocar sons de baleia", disse a princesa Reema Bint Bandar al-Saud, fazendo humor das críticas que os empresários do reino muitas vezes enfrentam quando adotam mudanças.

Mas isso faz parte do desafio de ser uma empreendedora na Arábia Saudita, onde as mulheres sofrem restrições em todas as atividades públicas e são tratadas como propriedade de seus parentes homens.

A princesa eliminou a música, mas pressionou pela contratação de mulheres como vendedoras. Esse passo visa não apenas modificar as convenções sociais, como também ajudar a saúde econômica do país a longo prazo.

Na Harvey Nichols, dezenas de vendedoras —que trabalham com a cabeça coberta ou portando um burca— arrumam vestidos, anunciam cosméticos e passam cartões de crédito.

Apenas dois anos atrás, eram poucas as mulheres que trabalhavam aqui.

Críticas às restrições que as mulheres enfrentam na Arábia Saudita existem há muito tempo, mas isso aumentou, recentemente, quando as sauditas desafiaram a proibição de dirigir carros.

Porém, alguns defensores dos direitos das mulheres na Arábia Saudita dizem que a atenção internacional dada ao pequeno número de mulheres que dirige obscurece as profundas, embora graduais, mudanças na sociedade saudita: hoje mais mulheres trabalham, ajudando a dirigir organizações e ganhando certo grau de independência econômica.

Embora o esforço tenha sido promovido pelo Ministério do Trabalho, ele afetou os códigos sociais. A porcentagem de mulheres que trabalham —15%— ainda é minúscula pelos padrões mundiais.

Ainda assim, muitos empregadores dizem que preferem contratar mulheres aos homens sauditas. Eles acrescentaram áreas separadas de descanso e escritórios para elas e instalaram divisórias e câmeras para evitar a mistura indesejável.

"Estamos promovendo o recrutamento de mulheres porque elas não brigam entre si, dão atenção para os detalhes, mostram disposição para trabalhar e têm uma produtividade que é aproximadamente o dobro da dos homens", disse um gerente de loja.

Apesar disso, as sauditas formam menos de 5% de sua equipe de mais de mil funcionários por causa de tabus sociais.

Alguns sauditas elogiam o rei Abdulah por dar às mulheres o direito de se candidatar e votar nas eleições municipais. Outros criticam o reino por manter "leis de custódia" que impedem as mulheres de viajar, trabalhar, casar-se ou submeter-se a certos procedimentos médicos sem a permissão de um parente homem.

Na Harvey Nichols, Jawharah, vendedora de 35 anos, disse que seu marido inspecionou a loja antes de permitir que ela aceitasse o emprego. Sua mãe nunca trabalhou, disse ela, mas todas as suas irmãs trabalham. "É bom sair para trabalhar e ganhar dinheiro."

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