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Músicos recorrem a fãs para financiar novos trabalhos

Mesmo músicos experientes recorrem ao financiamento coletivo. O De La Soul obteve US$ 600.874 para um álbum. | Chad Batka/The New York Times
Mesmo músicos experientes recorrem ao financiamento coletivo. O De La Soul obteve US$ 600.874 para um álbum. (Foto: Chad Batka/The New York Times)

Vinte superfãs do trio de hip-hop De La Soul pagaram US$ 300 cada para bater um papo com o grupo pelo Skype, com vídeo. Outro pagou US$ 1.500 por um rádio-gravador vintage da “coleção pessoal” de um dos músicos.

As atrações foram oferecidas em troca de apoio financeiro, dentro da campanha do trio para levantar recursos para produzir seu oitavo álbum de estúdio.

Numa campanha de um mês no site Kickstarter, o De La Soul levantou US$ 600.874 de 11.169 financiadores, superando de longe sua meta de US$ 110 mil. Foi o segundo maior montante já dado a um projeto musical no site.

Visto no passado principalmente como ferramenta a ser usada por artistas emergentes, o Kickstarter está se mostrando útil para financiar artistas reconhecidos.

Este ano os membros sobreviventes do grupo de R&B dos anos 1990 TLC levantaram US$ 430.255 para criar o “álbum final” do grupo. O exemplo já havia sido dado por artistas como Toad the Wet Sprocket (US$264.762) e Kenny Loggins (US$121.797).

Mas o dinheiro muitas vezes vem acompanhado de expectativas. O De La Soul ofereceu “And the Anonymous Nobody”, seu primeiro álbum desde 2004, prometendo que ele estará livre das imposições comerciais que acompanham um contrato para a produção de discos.

“Muitas vezes as gravadoras nem sabem direito o que querem”, comentou Kelvin Mercer, conhecido como Posdnuos e um dos três integrantes do De La Soul. “Elas podem estar à procura do que pensam que será a grande novidade.”

Michael McGregor, um representante do Kickstarter, disse que, no caso de artistas conhecidos, “a história e o vínculo que eles sempre tiveram com seus fãs” se revelam numa campanha de financiamento coletivo.

Para ele, os membros do De La Soul, de 1989, são “músicos vitalícios. Através da carreira deles, podemos testemunhar a queda real do setor musical”. Mas, segundo ele, a nova fonte de recursos do grupo vai lhe permitir ousar de novo, “com aquela inocência, aquelas reações instintivas”.

Antes do início da campanha de levantamento de fundos, o De La Soul —que, além de Kelvin Mercer, é composto por David Jolicoeur, ou Dave, e Vincent Mason, ou Maseo— tinha gasto cerca de US$100 mil gravando mais de 200 horas de jam sessions para fazer samples no álbum. Os artistas convidados incluem David Byrne, Damon Albarn e 2 Chainz.

Alguns músicos profissionais rejeitam o financiamento coletivo. Em entrevista ao jornal espanhol “El País”, Morrissey o considerou “uma medida desesperada e um insulto ao público”.

Amanda Palmer, a cantora de punk-cabaré que em 2012 levantou no Kickstarter o valor recorde de US$ 1,2 milhão para fazer um álbum, comentou que o dinheiro pode parecer muito, mas às vezes desaparece rapidamente.

Desde a manufatura dos CDs até seu transporte, “todos os riscos e as responsabilidades cabem ao artista”, disse ela.

Palmer reconheceu que nem todos se dão bem com o financiamento coletivo. “Nenhum artista quer se sentir como um vendedor charlatão. Por outro lado, você também não quer se esconder por trás do sistema e torcer para que os fãs e o dinheiro cheguem à sua porta num passe de mágica.”

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