Apoiadores protegeram Mam Sonando da tropa de choque durante um protesto em janeiro| Foto: Fotos: Luc Forsyth para The New York Times
Mam Sonando, de 72 anos, toca artistas como Eminem em sua estação de rádio

A entrada da estação de rádio de Mam Sonando é decorada como uma discoteca, cheia de luzes coloridas e um globo de espelhos. Ela também possui pelo menos quatro santuários budistas.

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"Sou viciado em ouvir música", afirmou Sonando, de 72 anos. Entre seus artistas favoritos para tocar no último volume estão Lil Wayne, Eminem e Jay Z.

Sonando é o intrépido proprietário da Beehive Radio e um incômodo para o autoritário primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, que está no poder há três décadas.

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Sonando já foi preso três vezes por relatos de ofensas ao governo em seu programa de rádio. A terceira prisão, há dois anos sob acusações de insurreição, levou a uma pena de 20 anos. A decisão acabou anulada – em meio a uma considerável pressão de governos ocidentais – e substituída por uma pena suspensa de cinco anos por incitar distúrbios.

O séquito de Sonando parece ter aumentado junto a seus problemas com a lei.

Em janeiro, ele e seus apoiadores se reuniram em frente ao Ministério da Informação para exigir que a Beehive recebesse uma licença de televisão e que a estação de rádio pudesse ampliar seu alcance de transmissão no Camboja. A tropa de choque separou a manifestação e avançou na direção dele com bastões elétricos. Sonando só escapou ileso porque um grupo de apoiadores o cercou e arrastou-o dali.

"Vou ajudá-lo no que ele fizer", disse Mech Samnang, um dos apoiadores que sofreu choques elétricos enquanto tentava proteger Sonando durante o tumulto. "Dá para compará-lo a meu próprio pai".

No último ano, a oposição a Hun Sen vem aumentando. Protestos vêm atraindo dezenas de milhares de pessoas.

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O programa de Sonando na Beehive Radio discute regularmente tópicos ignorados pela maior parte da imprensa cambojana: a apreensão ilegal de terras, a destruição das florestas do país e a corrupção.

"Eu acredito que teremos mudanças", declarou Sonando em seu escritório, que é ao mesmo tempo sua casa e a estação Beehive. "Onde houver injustiça, haverá uma luta que surge a partir dela".

Sonando é uma figura paterna para seus 22 funcionários e lê poesias no ar, entre comentários sobre a opressão no país. Ele possui dupla cidadania, francesa e cambojana.

Ele conta que, logo que a estação de rádio começou a funcionar, em 1996, pessoas vestidas com uniformes policiais e militares saquearam sua casa.

A Beehive é alimentada por geradores, pois Sonando teme que, se ele se conectar na rede elétrica nacional, o governo poderia puxar o cabo.

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Sonando diz ter submetido seis pedidos para expandir o alcance da estação, que ele estima atingir 60 por cento do país. Khieu Kanharith, o ministro da Informação cambojano, argumentou que a solicitação é impossível por motivos técnicos.

Ainda assim, a sobrevivência de Sonando ilustra as nuances da disputa entre a mídia independente no Camboja e Hun Sen.

Embora as estações de televisão e os jornais em cambojano sejam controlados pelo primeiro-ministro, a internet não é censurada, e dois jornais em inglês, "The Cambodia Daily" e "The Phnom Penh Post", pertencem a estrangeiros e publicam críticas ao governo regularmente. O governo pode ser autoritário, mas o Camboja é uma sociedade livre onde uma opressão total sobre a dissidência parece inimaginável.

Sonando diz não tomar lados na política, e alega ser crítico tanto do governo quanto da oposição.

"Estarei do lado de qualquer um que vá liderar e respeitar a vontade do povo e a Constituição", afirmou ele. "Minha inclinação está com o povo".

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