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ciência e tecnologia

Novo traje aumenta tempo de mergulhos

Uma equipe internacional de arqueólogos volta este mês ao local de um naufrágio perto de uma ilha grega. Desta vez, eles têm a ajuda de um avançado traje de mergulho que lhes dará muito mais tempo para buscar novos artefatos.

Parte robô e parte submarino, a roupa, chamada de Exosuit, deve permitir que o mergulhador trabalhe por um longo tempo a profundidades superiores a 300 metros, evitando os demorados períodos de descompressão.

A roupa proporciona liberdade de movimento ao mergulhador devido a um sistema de propulsão e a um inusitado conjunto de articulações giratórias desenvolvidas por Phil Nuytten, especialista em tecnologia de mergulho.

Em algo que lembra o Homem de Ferro, o traje de alumínio permite que o operador fique sobre uma espécie de selim de bicicleta.

O aparelho fica conectado à superfície por uma rede de fibra óptica de alta velocidade, que transmite vídeo de alta definição, e suas garras robóticas permitem aos mergulhadores manipular artefatos encontrados no local.

O Exosuit tem um sistema de suprimento vital concebido para permitir mergulhos de até dois dias e meio sem regressar à superfície —ainda que, no começo, os períodos serão mais curtos.

As articulações rotatórias do traje são extremamente resistentes; a menor, no pulso, pode aguentar até seis toneladas de pressão sobre uma superfície pequena, segundo Nuytten.

"Você sente como se estivesse em uma armadura segmentada", disse Brendan Foley, arqueólogo do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, em Massachusetts, e diretor da pesquisa no naufrágio.

A Nuytco, empresa fundada por Nuytten, fabricou trajes de mergulho atmosféricos semelhantes, usados por muitas Marinhas do mundo em operações de resgate.

O navio, que está ao largo da ilha de Anticítera, foi encontrado por mergulhadores gregos em 1900.

Trata-se de uma embarcação romana que teria afundado supostamente no século 1° a.C. e que estava equipada com o célebre Mecanismo de Anticítera, um aparelho mecânico usado para prever os movimentos celestiais, além de levar artigos de luxo como cerâmicas e estátuas de bronze.

Desde a descoberta, o naufrágio de Anticítera foi explorado só uma vez —por Jacques Cousteau, durante várias semanas, em 1976— até que, no final de 2012, mergulhadores do Woods Hole e de uma instituição pública grega, a Superintendência Helênica de Antiguidades Subaquáticas, iniciaram uma exploração mais sistemática das águas em torno da ilha.

Este é o terceiro ano de operação dos mergulhadores no local. A cada expedição eles adotaram novas tecnologias.

Antes, os mergulhadores usavam aparelhos chamados "rebreathers de circuito fechado", que retiram o dióxido de carbono da expiração, permitindo ao mergulhador inalar novamente esse ar, e veículos de propulsão subaquática com câmeras de alta resolução.

Devido à profundidade do navio, mesmo com esses sistemas os mergulhadores ficavam limitados a 30 minutos de exploração.

Assim, conseguiram achar artefatos espalhados numa ampla área, como cerâmicas, uma âncora de navio e objetos de bronze, que ainda não foram recuperados.

Na expedição deste ano, também estão usando robôs submarinos, como um veículo autônomo chamado Iver, controlado remotamente por cientistas do Centro Australiano de Robótica Marinha. O Iver permitirá a criação de um mapa 3D dos locais do naufrágio.

Embora parte do Mecanismo de Anticítera tenha sido recuperada no início do século 20, os cientistas começaram a desvendar o mistério da estrutura apenas em 1974.

Apesar de ter sido descrito como um computador primitivo, não é programável. O historiador Michael Wright, que reconstruiu o mecanismo, considera que se trata de um complexo planetário.

Arqueólogos acreditam que o mecanismo não era único. De acordo com Foley, existem referências sobre aparelhos semelhantes em manuscritos antigos.

"Esse é o tipo de coisa que literalmente me tira o sono durante a noite", disse. "Não consigo dormir porque estou muito empolgado".

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