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A coleção de potes de Douglas M Leybourne Júnior. No século 19, segundo ele, esses vidros “eram sinônimo de sobrevivência” | Adam Bird para The New York Times
A coleção de potes de Douglas M Leybourne Júnior. No século 19, segundo ele, esses vidros “eram sinônimo de sobrevivência”| Foto: Adam Bird para The New York Times

Talvez você já tenha tomado uma cerveja em um pote de vidro de conservas. Ou pescado um picles de dentro de um. Ou jantado sob um candelabro feito com eles em um restaurante.

Pode ser que você goste de usar potes de vidro para guardar seus salgadinhos ou resfriar a limonada que acabou de fazer. Quem sabe aquele empoleirado numa estante de vidro e vendido como "copo de vinho caipira" seja mais o seu tipo. O certo é que, até alguns anos atrás, era mais fácil encontrar um desses potes de vidro simples na despensa das avós do que nas prateleiras de lojas. Mas ele foi salvo de quase desaparecer pelas mãos de empresas ansiosas por uma estética robusta e com preço acessível – muitas delas interessadas em atrair os jovens da chamada geração Y, que elegeram os potes de conservas como objeto de fetiche em fotografias no Instagram e no Pinterest.

Jarden Home Brands, um dos principais fabricantes de vidros de conservas nos Estados Unidos, diz que as vendas dobraram desde 2001. Embora hoje esses potes tenham entrado na moda, eles nasceram de uma necessidade. Em 1858, John Landis Mason encontrou uma maneira de conservar frutas, legumes e outros alimentos perecíveis com uma tampa que rosqueava no vidro sobre um anel de borracha, selando o conteúdo que havia sido previamente cozido.

"Cento e cinquenta anos atrás, esses potes eram sinônimo de sobrevivência", explica Douglas M. Leybourne Júnior, um colecionador que escreveu uma série de livros chamada "O Guia do Colecionador de Velhos Potes de Frutas". Diz Douglas: "Você tinha uma casa cheia de gente e era inverno. Não dava para ir até a loja – ela não existia".

No começo, os potes eram feitos à mão e por meio de sopros e misturados com substâncias como óxido de ferro e cobalto, que produziam traços de âmbar e uma tonalidade que Leybourne chama de "azul Vick VapoRub" (eles agora valem até US$ 30 mil cada no mercado de colecionadores). Com o tempo, os fabricantes desistiram das cores para que as pessoas tivessem uma visão mais clara dos alimentos no interior do pote. Depois que a patente de Mason venceu em 1870, cerca de 500 outros fabricantes começaram a produzi-los.

Nos anos 50 e 60, porém, o mercado de vidros de conserva começou a diminuir. A culpa foi da refrigeração e da valorização dos alimentos industrializados. O ponto de virada da história veio com a recessão de 2008. "As pessoas passaram a ficar mais em casa", explica Chris Scherzinger, presidente da Jarden Home Brands. "Elas não saíam tanto. E voltaram para suas raízes".

Ao mesmo tempo, a aversão aos alimentos industrializados começou a aumentar. Mais gente passou a se preocupar com a autossuficiência e com extrair o maior valor possível daquilo que compravam no mercado – e sempre por um bom preço.

Os vidros de conserva também renasceram pelas mãos de empreendedores que os incorporaram às suas coleções de objetos de design. Eric Prum e Josh Williams, por exemplo, vendem uma coqueteleira chamada Mason Shaker. "O lado funcional é que os potes de vidro são resistentes e aguentam a agitação do coquetel", diz Prum.

Aproveitando a tendência, grandes empresas resolveram rechear lindos potes com guloseimas de alto valor calórico – fazendo com que algumas pessoas se perguntem se a imagem de integridade mantida há 150 anos pelos vidros de conserva não esteja com os dias contados.

Neste verão, depois de perceber o rebuliço causado por esses potes nas mídias sociais, a cadeia de lojas de conveniência 7-Eleven começou a vender uma réplica, com tampas de plástico em cores neon e canudos, como recipientes para suas bebidas geladas. Laura Golden, da 7-Eleven, afirma que os potes "combinam simplicidade com uma nostalgia emotiva e divertida" e isso os torna "perfeitos para nós".

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