Chinak Ramtheol ganha cerca de US$ 4 por dia operando máquinas que derretem lixo plástico em grânulos para reciclagem. Regularmente, ele consegue enviar centenas de rupias para a família em Siddharthnagar, região rural da Índia a 1.600 quilômetros daqui, nos arredores do Nepal.

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"O banco só abre quando estou trabalhando, assim eu perco uma hora de salário", disse Ramtheol. Ele está interessado em um novo serviço que lhe permitirá enviar o dinheiro por celular. Empresa novata indiana, a MoneyOnMobile está se valendo de uma ideia surgida seis anos atrás no Quênia para transferir dinheiro com alguns toques no celular.

A M-Pesa se tornou tão popular que a maioria dos quenianos hoje em dia envia dinheiro, paga as compras no mercado, receitas médicas e mensalidades escolares via celular, transferindo sem fio o equivalente a US$ 21 bilhões anuais.

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O Sul da Ásia é um mercado fértil para o conceito. A região é responsável pelo maior número de escritórios que fornecem serviços de dinheiro móvel: 3,8 milhões, em comparação com 805 mil na África. Após quatro anos de operação, a rede sem fio paquistanesa Easypaisa movimenta US$ 3,5 bilhões anuais. Em Bangladesh, onde o sistema de pagamento sem fio bKash atua há dois anos, o volume de transações é de US$ 4 bilhões anuais.

Segundo o Banco Central da Índia, o número de transferências monetárias sem fio mais do que dobrou desde setembro de 2012, movimentando o equivalente anualizado a US$ 3,2 bilhões.

Até 2015, as transferências móveis de dinheiro na Índia poderiam somar US$ 350 bilhões anuais, segundo estimativa de analistas. A oportunidade atraiu os grandes bancos e as operadoras das redes móveis, além de pelo menos uma dúzia de novas companhias.

A empresa de crescimento mais rápido é a MoneyOnMobile. Atuando há menos de três anos, ela já atraiu quatro vezes mais usuários do que a queniana M-Pesa; são 75 milhões contra 18 milhões.

Controlada pela Calpian, processadora de pagamentos com sede em Dallas, nos Estados Unidos, a companhia foi fundada por Shashank Joshi, engenheiro de 40 anos. "Os pagamentos são um setor negligenciado em escala mundial. Ninguém presta atenção nele", ele disse. "Não dá para sobreviver sem fazer pagamentos."

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Os pagamentos via celular poderiam melhorar a vida de 354 milhões de indianos pobres, a maioria dos quais tem celular, mas não conta bancária, ao reduzir o custo da remessa de valores. Na Índia como um todo, cem milhões de migrantes se mudaram para as cidades. Estima-se que eles enviem anualmente US$ 12 bilhões para suas aldeias. A maioria do dinheiro trafega em espécie por redes de parentes, amigos ou serviços de correio. Tais canais podem ser lentos, pouco confiáveis e caros. Pelas redes sem fio, o dinheiro é transferido instantaneamente e o custo de envio pode ser inferior a um centavo.

A MoneyOnMobile está se preparando para oferecer transferências de dinheiro. Há pouco tempo, ela recebeu permissão das autoridades federais e está negociando a parceria exigida com um banco. Embora existam quase 900 milhões de celulares na Índia, meros quatro por cento são smartphones. Em consequência, a MoneyOnMobile busca ganhar escala com o celular comum.

A quantia média das transações da empresa é inferior a US$ 1,50, porém, ela processa mais de 400 mil transações diariamente. O resultado é uma receita anual de US$ 200 milhões, e a empresa espera equilibrar as finanças no começo do ano que vem.

"O segredo é o volume", afirmou o presidente da companhia, Rajesh Mishra. "Não ganhamos quase nada com cada transação; já com milhões delas – milhões todos os dias –, pode ser um bom negócio."