Jozef Izso, sentado na cama pequena ao lado de sua escrivaninha enquanto sua mãe trabalhava na sala ao lado, disse que definitivamente havia prós e contras de se viver com os pais aos 29 anos.
“É muito confortável”, ele disse. Sem ter que pagar aluguel, ele poupa dinheiro e mora perto de seu trabalho como programador de computadores no valorizado centro da capital da Eslováquia.
“Mas me tratam como criança”, ele disse. Por exemplo, quando ele volta para seu quarto alguns minutos depois de pendurar suas roupas, percebe que elas já foram reorganizados da maneira que a mãe prefere. “É muito chato, mas não o suficiente para me fazer sair daqui.”
O recente aumento no número de filhos adultos que ainda vive na casa dos pais é uma tendência que não se limita aos antigos países comunistas da Europa Oriental, mas parece que eles a aperfeiçoaram.
No ano passado, um estudo do censo dos Estados Unidos chamou uma atenção considerável ao revelar que 15% dos americanos adultos entre 25 e 34 anos estavam vivendo com os pais. E um estudo recente na Grã-Bretanha também gerou apreensão ao revelar números semelhantes.
Mas isso não é nada. Na Eslováquia, 74% dos adultos entre 18 e 34 anos — independentemente de emprego ou estado civil — ainda moram com os pais, de acordo com estatísticas da Comissão Europeia.
E entre os mais velhos — os de 25 a 34 anos — 57% moram no que é conhecido por aqui como “Hotel Mamãe”. Na Bulgária, são 51%; na Romênia, 46%; na Sérvia, 54%, e na Croácia, a campeã, 59%.
A recente crise financeira desempenhou um papel importante. Além disso, há os efeitos nefastos do planejamento centralizado combinado com a escassez habitacional de longo prazo, especialmente para locação. Menos de 6% de todas as habitações na Eslováquia estão disponíveis para aluguel, em comparação com 50% na Alemanha.
Quando o comunismo entrou em colapso, moradores de habitações estatais em muitas nações comunistas tiveram a oportunidade de comprar seus apartamentos a preços generosamente baixos, um bom negócio que, agora seus filhos percebem, não irá se repetir.
E com a escassez de imóveis para alugar os jovens não têm muita escolha além de economizar durante anos para poder comprar sua casa própria.
Um atenuante é que a cultura conservadora aqui não só incentiva os jovens a permanecerem em casa até o casamento, mas também não atribui nenhum estigma à opção. “Os membros da família se ajudam”, disse Katarina Izsova, mãe de Izso.
Zuzana Majernikova, de 24 anos, é professora primária e com seu salário não consegue se mudar. Poupar dinheiro para comprar sua casa vai levar anos.
Sobre sua época de estudante em um apartamento compartilhado ela disse: “Sinto falta da minha liberdade”.
Peter Hudec, de 35 anos, desenvolvedor web, disse que era difícil voltar para o apartamento da mãe. “É deprimente.”
Contribuiu Miroslava Germanova